Oposição a Tomás Correia dividida sobre candidato nas eleições da Associação Mutualista

Ribeiro Mendes, o administrador dissidente, já anunciou a sua candidatura à Associação Mutualista, mas o seu nome não é consensual dentro do grupo de associados descontentes com o atual presidente.

Fernando Ribeiro Mendes e Alexandre Abrantes: não há consenso para liderar a oposição a Tomás Correia na Associação Mutualista Montepio.Fotomontagem: Ana Raquel Moreira

Fernando Ribeiro Mendes anunciou a candidatura à liderança da Associação Mutualista Montepio Geral (AMMG) há um mês, mas o administrador dissidente da instituição não reúne consenso dentro do grupo destacado de associados descontentes e que pretende lançar uma lista única alternativa para concorrer com Tomás Correia nas próximas eleições.

Ao que o ECO apurou, as próximas semanas vão revelar-se decisivas para se perceber quem vai liderar a oposição ao atual presidente (que deverá apresentar a sua candidatura a um quarto mandato, ao que tudo indica) nas eleições que terão lugar na associação mutualista em dezembro. Mas dentro do grupo que juntou associados das várias listas derrotadas nas últimas eleições, e do qual fazem parte o antigo ministro Bagão Félix, António Godinho ou o economista ligado ao PCP Eugénio Rosa, não se discute apenas um nome para encabeçar uma lista que se pretende que seja alternativa única a Tomás Correia na corrida à liderança da maior mutualista do país.

Se alguns acreditam que é Fernando Ribeiro Mendes, antigo secretário de Estado da Segurança Social do Governo de António Guterres e membro da atual administração da Associação Mutualista, quem reúne mais condições para protagonizar uma candidatura vencedora, até pelo seu peso e maior notoriedade política, outros apostam no nome de Alexandre Abrantes para encabeçar a lista da oposição.

Alexandre Abrantes é atualmente vice-presidente da Cruz Vermelha Portuguesa e professor na Universidade Nova de Lisboa, tendo sido consultor do Banco Mundial. É um dos autores do livro “Renovar Montepio” juntamente com António Godinho, que apresentou candidatura à liderança da AMMG em 2015.

Por seu turno, Ribeiro Mendes tem sido uma das vozes dissidentes dentro da administração de Tomás Correia, tendo defendido por várias vezes mudanças nos órgãos que gerem destinos da instituição. “É preciso acabar com a deriva estratégica que nos tem assombrado de grandiosos sonhos que hoje sabemos que foram irrealistas”, disse o administrador nas Jornadas de Reflexão Mutualista que decorreram em junho e que contaram com a participação de Alexandre Abrantes.

O objetivo deste grupo de associados descontentes com o atual estado da AMMG passa por criar uma lista alternativa única abrangente e que seja capaz de enfrentar Tomás Correia, que em 2015 registou 61% dos votos nas eleições para o triénio 2016-2018, pelo que vão querer evitar cisões internas que se traduzam em mais listas.

As candidaturas para os órgãos sociais da AMMG terão de ser entregues no mês de outubro, com o ato eleitoral a ter lugar dois meses depois.

As eleições para a associação mutualista que conta com mais de 600 mil associados vão decorrer num clima de expectativa, sobretudo depois da entrada em vigor das novas regras para as mutualistas, que acontece já a 1 de setembro, antes da corrida eleitoral.

Conforme já avançou o ECO, o novo código das mutualidades pode baralhar as contas do lado do atual presidente. Em cima da mesa poderá estar mesmo o nome da ex-ministra da Saúde Maria de Belém, uma alternativa a avançar caso Tomás Correia (que ainda não anunciou a sua candidatura) não possa formalizar uma candidatura por impedimento do regulador dos seguros.

Com as novas regras, a AMMG vai passar para a esfera de supervisão financeira da Autoridade de Supervisão de Seguros e Fundos de Pensões (ASF) nos próximos meses. A partir do momento em que a instituição estiver sob alçada do regulador liderado por José Almaça, a idoneidade vai passar a ser um dos critérios para os candidatos aos órgãos sociais, e isto numa altura em que correm inquéritos no Banco de Portugal e Ministério Público sobre Tomás Correia — embora sem qualquer condenação.

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