Carros são ineficientes nas grandes cidades. Uber vai focar-se nas bicicletas elétricas
A avaliar pela mais recente entrevista do presidente executivo, não é difícil imaginar uma Uber mais focada nas bicicletas do que nos carros. Mobilidade automóvel nas cidades nem sempre é eficiente.
A Uber tem planos para focar-se mais nas bicicletas elétricas e nas scooters do que no transporte de passageiros em automóveis. A empresa tenciona continuar a crescer antes de chegar aos lucros e, em cima da mesa, está uma estratégia totalmente nova: com o aumento do trânsito, os carros da Uber não são a forma mais eficiente de mobilidade no núcleo das cidades, numa altura em que muitas já têm redes robustas de ciclovias.
Esta foi uma das ideias deixada pelo novo presidente executivo, Dara Khosrowshahi, numa entrevista ao Financial Times (acesso pago). Prestes a entrar no segundo ano de mandato, o gestor de 49 anos explicou que os automóveis estão a perder eficiência no propósito de levar pessoas do ponto A ao ponto B.
“Durante a hora de ponta, é muito ineficiente um pedaço de metal com uma tonelada transportar uma pessoa ao longo de dez quarteirões. Somos capazes de mudar o comportamento de uma forma que é uma vitória para o utilizador e para a cidade. Financeiramente falando, talvez não seja uma vitória no curto prazo para nós mas, se pensarmos de forma estratégica e a longo prazo, acreditamos que é exatamente para aí que queremos caminhar”, afirmou o gestor, referindo-se à nova estratégia de apostas em meios de transporte alternativos, como as bicicletas elétricas.
Desde fevereiro que a Uber permite alugar bicicletas elétricas em algumas cidades dos Estados Unidos. Em abril, a empresa acabou por comprar a startup Jump, que prestava este serviço. Em breve, o plano é lançar o serviço de bicicletas em Berlim e o ECO sabe que a subsidiária Uber Portugal também procura vir a poder oferecer o serviço no mercado nacional. No estrangeiro, a Uber tem ainda firmado várias parcerias ligadas à mobilidade alternativa, como é o caso da Lime, uma empresa de scooters elétricas.
Durante a hora de ponta, é muito ineficiente um pedaço de metal com uma tonelada transportar uma pessoa ao longo de dez quarteirões.
A prioridade é crescer
A Uber caminha para conseguir mais de dez mil milhões de dólares em receitas este ano, mas continua a registar prejuízos avultados. As informações mais recentes apontavam para perdas de 891 milhões de dólares no segundo trimestre do ano — que, ainda assim, é um valor abaixo dos 1,1 mil milhões de dólares de prejuízo registados no período homólogo do ano anterior.
Contudo, essa não parece ser preocupação para o novo patrão da Uber. Dara Khosrowshahi aproveitou a entrevista para sinalizar que os investidores devem estar preparados para uma estratégia que tem como prioridade o crescimento, na expectativa de colher lucros maiores no futuro, sobretudo num setor tecnológico que está constantemente em mudança.
Aliás, a ideia de mudar o foco dos carros para as bicicletas e scooters poderá representar mais um impacto negativo nas contas da empresa, como admitiu o próprio gestor, ao dizer que “talvez não seja uma vitória [financeira] no curto prazo” para a empresa. Até porque é certo que a empresa gera mais receitas com as viagens em automóveis do que com as viagens feitas com bicicletas.
A Uber poderá vir a protagonizar uma gigantesca oferta pública inicial (IPO) já no ano que vem. A intenção de Dara Khosrowshahi é a de dispersar capital na bolsa já em 2019.
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