Novo Banco regista primeiro lucro da sua história
O lucro de 3,7 milhões no terceiro trimestre foi marginal, mas é o primeiro resultado positivo da instituição que resultou da liquidação do BES. No acumulado do ano, o prejuízo foi de 359 milhões.
O Novo Banco registou um lucro de 3,7 milhões de euros no terceiro trimestre deste ano, naquele que foi o primeiro resultado líquido positivo desde que a instituição foi criada no âmbito da medida de resolução aplicada ao BES em agosto de 2014 pelo Banco de Portugal. Ainda assim, no acumulado dos nove primeiros meses do ano, o banco registou um prejuízo de 359 milhões de euros.
Este resultado trimestral positivo compara com o prejuízo de cerca de 118 milhões de euros que o banco liderado no António Ramalho registou há um ano. E compara ainda com a média de 250 milhões de euros de prejuízos trimestrais que o Novo Banco regista desde a sua criação.
A inversão nos resultados surge num momento sensível da instituição. O Banco de Portugal e o Fundo de Resolução têm em cima da mesa várias propostas para a venda do banco bom que resultou da liquidação do BES. BCP, BPI, os fundos norte-americanos Apollo Management em parceria com a Center Bridge, e a Lone Star entregaram propostas firmes para a compra do banco liderado por António Ramalho, através da venda direta. Já os chineses da Minsheng estão interessados na venda em mercado.
Numa carta dirigida recentemente aos colaboradores do banco, António Ramalho, CEO do banco desde agosto deste ano, já tinha agradecido o empenho dos colaboradores no processo que vai levar à venda da instituição. “Este esforço das nossas equipas merece uma nota de reconhecimento. [Este reconhecimento] é tanto mais devido quanto coincidiu com um período de maior exigência na rede de retalho e de empresas, que aliás se refletiu nos vários recordes de produção mensal obtidos no ultimo mês”, declarou o responsável.
Novo Banco regista lucro histórico
Segundo a informação enviada esta quinta-feira pelo Novo Banco, “o resultado evidencia uma clara melhoria face aos trimestres anteriores”. E explica o lucro com a melhoria do produto bancário e ainda com a “fortíssima redução dos custos operacionais“, de mais de 24%, para 449,9 milhões de euros.
Em relação ao produto bancário, o crescimento desta rubrica foi de 7,5% para 667,7 milhões de euros nos primeiros nove meses do ano, um desempenho para o qual contribuiu um aumento de 29,2% na margem financeira.
Mais imparidades, menos custos
Apesar do lucro trimestral, o banco continua a sofrer com o impacto do aumento de imparidades. O montante para provisões aumentou em cerca de 300 milhões de euros para 762,6 milhões de euros até setembro, num “esforço de consolidação do Novo Banco”. Grande parte das imparidades foi para crédito em risco (425,8 milhões de euros), mas também incluíram imparidades de 113,7 milhões de euros para títulos e ainda 110,6 milhões para custos de reestruturação.
Sobre o processo de reestruturação, o banco indicou que “optou por antecipar boa parte dos objetivos do ano”. A redução prevista de pessoal foi atingida em setembro (menos 1.062 colaboradores contra o objetivo de menos 1.000). A redução de custos operacionais também já está garantida (menos 145 milhões de euros até setembro, contra um objetivo de menos 150 milhões para final do ano). E o número de balcões após os últimos encerramentos previstos, situar-se-ão em 540, contra 550 previstos no plano”.
O rácio de capital regulamentar Common Equity Tier 1 (CET1) estimado para 30 de setembro de 2016 fixou-se em 12,3%, o que representa uma melhoria de 30 pontos base face a junho de 2016.
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