FMI mais pessimista que o Governo. Excedente orçamental só em 2022

De acordo com o FMI, Portugal só conseguirá um excedente orçamental em 2022, o que contraria as estimativas do Governo. Quanto à dívida pública, as perspetivas estão alinhadas com as de Mário Centeno.

Ao contrário do que tem sido estimado pelo Executivo de António Costa, Portugal só deverá conseguir um excedente orçamental em 2022, acredita o Fundo Monetário Internacional (FMI). No relatório Fiscal Monitor, o organismo liderado por Christine Lagarde prevê que, em 2021, Portugal conseguirá atingir o equilíbrio das suas contas (0% de défice), atingindo um excedente orçamental de 0,2% do produto interno bruto (PIB) no ano seguinte.

De acordo com o Programa de Estabilidade 2018-2022 apresentado pelo Governo em abril deste ano, Portugal deverá registar um défice de 0,2%, em 2019, passando a um excedente de 0,7% já em 2020, cenário também apoiado pelo Conselho de Finanças Públicas (CFP). A entidade liderada por Teodora Cardoso estima, no entanto, que, nesse ano, se verificará um excedente orçamental mais modesto que o avançado pelo Governo, isto é, de 0,1%.

Excedente em 2020? FMI está menos otimista que o Governo

Fonte: FMI e MF

Nem todos estão, contudo, tão otimistas quanto o Governo e o CFP. No relatório do FMI sobre a condução da política orçamental, o organismo estima que, no próximo ano, Portugal registará um défice de 0,3%, que deverá ser seguido por um défice de 0,2% em 2020 e por um equilíbrio orçamental em 2021. Só em 2022, perspetiva assim o organismo, conseguirá Portugal atingir um excedente orçamental, que, estima, será de 0,2%.

FMI e Lisboa alinhados quanto à dívida pública

Se o FMI discorda do Governo no que diz respeito à data em que Portugal atingirá um excedente orçamental, no capítulo da dívida pública revela expectativas semelhantes às de Mário Centeno.

Segundo o Fiscal Monitor, em 2019, a dívida pública lusitana deverá recuar para 117,2% do PIB, o que fica em linha com o valor avançado pelo Executivo português.

FMI e Governo estão em linha quanto à redução da dívida pública em 2019

Fonte: FMI e MF

No Programa de Estabilidade, o Governo tinha estimado que a dívida deveria ficar os 118,4% do PIB. Esta terça-feira, esse valor acabou, contudo, por ser revisto para 117% do PIB.

Por outro lado, a diminuição da dívida pública perspetivada pelo FMI, nos anos seguintes, fica abaixo daquela estimada pelo Governo. Em 2020, o Executivo espera registar uma dívida pública equivalente a 114,9% do PIB, em 2021 a 107,3% do PIB e em 2022 a 102,0% do PIB. Já o organismo liderado por Christine Lagarde estima que, em 2020, a dívida pública portuguesa recuará para 115,1% do PIB, em 2021 para 109,6% do PIB e em 2022 para 105,8% do PIB.

Em comparação, no próximo ano, o FMI estima que a dívida pública alemã recue para 56% do PIB, a espanhola para 95,8% do PIB e a grega para 176,9% do PIB.

Receitas e despesas mantêm-se estáveis

De regresso à discórdia, ao contrário do que prevê o Governo português, o FMI acredita que a economia lusa abrandará no próximo ano, crescendo apenas 1,8%, valor que compara com os 2,3% esperados para este ano.

A par desta tendência, o organismo liderado por Lagarde estima que as receitas nacionais se mantenham mais ou menos estáveis (43,3% do PIB em 2019 e 43,2% do PIB em 2020, 2021 e 2022) enquanto que as despesas deverão sofrer um desagravamento contínuo: 43,6% do PIB em 2019, 43,5% do PIB em 2020, 43,3% do PIB em 2021 e 43,0% do PIB em 2022 e 2023.

Assine o ECO Premium

No momento em que a informação é mais importante do que nunca, apoie o jornalismo independente e rigoroso.

De que forma? Assine o ECO Premium e tenha acesso a notícias exclusivas, à opinião que conta, às reportagens e especiais que mostram o outro lado da história.

Esta assinatura é uma forma de apoiar o ECO e os seus jornalistas. A nossa contrapartida é o jornalismo independente, rigoroso e credível.

Comentários ({{ total }})

FMI mais pessimista que o Governo. Excedente orçamental só em 2022

Respostas a {{ screenParentAuthor }} ({{ totalReplies }})

{{ noCommentsLabel }}

Ainda ninguém comentou este artigo.

Promova a discussão dando a sua opinião