CGD reduz presença em Espanha após prejuízo de mil milhões de euros em 25 anos
O Governo escolheu esta quinta-feira os comprados das unidades espanhola e sul-africana da Caixa Geral de Depósitos. O banco público vai encaixar 570 milhões de euros e melhorar os rácios de capital.
A Caixa Geral de Depósitos (CGD) já fechou acordo para vender o negócio em Espanha, onde estava presente há mais de 25 anos. A venda — anunciada esta quinta-feira pelo Governo — inclui-se na estratégia de reestruturação e capitalização do banco público. A unidade espanhola deu, no acumulado dos anos de atividade, perto de mil milhões de euros de prejuízo. A venda da operação, a concretizar-se, representará não só mais-valias para o banco público como melhorias dos rácios de capital.
Os espanhóis do Abanca vão pagar 364 milhões de euros pelo Banco Caixa Geral. O negócio em Espanha deverá levar a mais-valias na ordem dos 141,5 milhões de euros: o banco está avaliado em 597,134 milhões de euros e regista imparidades de 374,634 milhões.
A alienação dos ativos só ficará fechada no próximo ano. Dependendo das contas em 2019, poderá beneficiar as contas públicas na forma de dividendos. Pela primeira vez desde 2010, o Estado português espera receber dividendos referentes à atividade do banco público no ano atual num valor que, segundo o próprio Paulo Macedo, poderá chegar aos 200 milhões de euros. Em 2020, o Orçamento do Estado poderá contar com mais esta ajuda.
Nas contas do banco público de 2019, a mais-valia deverá entrar enquanto receita extraordinária, mas reforça a posição financeira. Os rácios de capital poderão melhorar entre 50 e 100 pontos base graças ao conjunto da alienação do espanhol Banco Caixa Geral e do sul-africano Mercantile Bank ao Capitec Bank (também anunciada esta quinta-feira e que irá render 201 milhões de euros aos cofres do banco nacional), sabe o ECO.
No final de setembro, os rácios CET 1 phased-in e fully implemented fixaram-se ambos em 14,6%. Os rácios phased-in Tier 1 e Total situaram-se em 15,6% e 17%.
“Os referidos processos de alienação enquadram-se na execução do plano de capitalização da CGD que prevê, entre outras medidas, a racionalização e maior foco da estrutura internacional do Grupo CGD, desta forma permitindo uma libertação de capital e redução do seu perfil de risco”, explicou o banco público, em comunicado enviado à Comissão do Mercado de Valores Mobiliários (CMVM).
A história do banco público em Espanha começou com a fusão de três bancos que a CGD comprou entre 1991 e 1995: o Banco de Extremadura, o Chase Manhattan Bank España e o Banco Simeón. Apenas em junho de 2006, a conjugação dos bancos deu origem ao Banco Caixa Geral. Mas o banco público, que é líder de mercado em Portugal, não chegava além de 1% da quota em Espanha.
A atividade tornou-se demasiado pesada para a estrutura e Paulo Macedo decidiu livrar-se desta unidade num momento de inversão para as contas da instituição financeira. A alienação foi decidida após a injeção de 3.944 milhões de euros de dinheiro público no balanço da CGD, iniciada em 2017. Já com a operação fechada, foi agora dado mais um passo para a alienação não só da atividade em Espanha, mas também na África do Sul.
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