Agosto perdeu importância e abril ganhou. Peso do turismo na economia duplica desde a crise
O turismo já não é só sol e praia. Agosto perdeu peso e abril ganhou. A preferência pelo Algarve reduziu e a opção por Lisboa aumentou.
Se as previsões do Banco de Portugal se confirmarem, o peso das exportações de turismo no PIB vai duplicar no espaço de dez anos. Esta é uma das conclusões de uma análise feita pelo Banco de Portugal sobre os desenvolvimentos recentes e as perspetivas futuras das exportações de turismo e que foi divulgada esta terça-feira, juntamente com o Boletim Económico.
Neste documento, o banco central atualizou as suas projeções para 2017-2021. E segundo as contas dos economistas do Banco de Portugal, o peso das exportações de turismo no PIB deverá chegar a 9,3% no último ano do horizonte de projeção. Em 2011, o turismo valia apenas 4,6% do PIB. Um valor muito próximo do registado em 1999, quando valia 4,1%. O que significa que todo o avanço feito pelo setor do turismo aconteceu na última década.
Esta evolução mostra que o Banco de Portugal acredita que, apesar do boom recente no turismo, o setor vai continuar a marcar pontos na economia portuguesa.
Os dados conhecidos até 2017 levam o Banco de Portugal a concluir que os fatores usuais para explicar o crescimento do turismo — como a procura externa e a competitividade através do preço — não foram determinantes. Aliás, o banco admite que os fatores não considerados no modelo de análise usado terão tido “um papel relevante”. Ou seja, o crescimento do turismo em Portugal não teve a ver com uma política de preços baixos.
Um dos pontos analisados pelo banco relaciona-se com o alojamento local. “O total de registos de alojamento local [até dez camas] realizados em 2016-2017 totaliza mais de 20% do stock de camas da restante oferta de alojamento turístico.“ Em 2017, eram 94 mil camas em alojamentos até dez camas num total de 497 mil camas.
Para o futuro, as perspetivas são positivas. “Existe evidência de alterações estruturais no setor que deverão continuar a sustentar um crescimento forte no horizonte de projeção: i) diversificação da proveniência de turistas estrangeiros, ii) distribuição geográfica mais abrangente dos turistas no território nacional, iii) sinais de uma menor sazonalidade dos indicadores e, iv) do lado da oferta, forte aumento da capacidade de alojamento turístico e da presença de companhias aéreas de baixo custo no mercado português”.
Os principais mercados que procuram Portugal para fazer turismo continuam a ser Reino Unido, Alemanha, Espanha e França, com um peso à volta de 60%. No entanto, Brasil, Canadá e EUA começam a procurar Portugal, bem como Ásia e Oceânia, nomeadamente Cinha e Coreia do Sul.
Além disso, os estrangeiros que visitam Portugal já vêm menos no verão e mais outros meses. Em 2017, 12,6% dos turistas fizeram férias em agosto, contra 14% em 2010. Em contraposição está o mês de abril, a ganhar adeptos: 9% em 2017 contra 7,8% em 2010.
Também ao nível das regiões de destino são visíveis alterações. O Algarve perdeu importância. Em 2005, 44,6% dos turistas não residentes iam para aquela região, mas em 2017 já eram só 33,9%. Já a Área Metropolitana de Lisboa passou de 21,5% para 28% no número de dormidas de não residentes face ao total.
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