Costa avisa que Portugal não pode expor-se a “gripe” económica que evolua para “pneumonia”
O primeiro-ministro avisou que o país tem de continuar a seguir uma política económica "cautelosa" e "equilibrada" para evitar expor-se a uma gripe que evolua depois para uma pneumonia.
O primeiro-ministro defendeu esta quarta-feira que Portugal tem de continuar a seguir uma política económica “cautelosa” e “equilibrada” para evitar expor-se a uma gripe que evolua depois para uma pneumonia, considerando a redução da dívida um fator “crucial”.
Estes avisos foram deixados por António Costa no seu discurso inicial num almoço promovido em parceria entre a Associação 25 de Abril e revista Ânimo, do artista plástico e antigo jornalista e assessor de imprensa do Grupo Parlamentar do PS António Colaço. Antes destas palavras do primeiro-ministro, o presidente da Associação 25 de Abril, o coronel Vasco Lourenço tinha dito que Portugal era um “oásis” num mundo em turbulência.
O líder do executivo, porém, discordou desta imagem sobre a situação de Portugal no panorama internacional, contrapondo que o país “está melhor” do que em 2015, “mas tem ainda muito para melhorar”. “Temos de continuar a ter a cautela suficiente para que o país não se exponha a uma corrente de ar e apanhe uma gripe que se transforme numa pneumonia. É essencial manter as boas condições de investimento, mas, ao mesmo tempo, precavermo-nos contra qualquer acidente”, advertiu.
Na perspetiva do líder do executivo, Portugal tem de “manter o atual equilíbrio, repondo salários, pensões com redução da tributação sobre o trabalho, mas com contas certas”. “Todos nos lembramos do que acontece quando não temos contas certas”, salientou ainda na mesma linha de advertências, alegando que dados como o da redução do défice contribuíram para credibilização interna e externa da atual solução governativa.
Neste ponto, o primeiro-ministro referiu que a dívida do país era de 130% do Produto Interno Bruto em 2015, perspetivando-se que atinja os 118% no final deste ano. “A redução da dívida não é só devermos menos, porque significa também que estamos a libertar anualmente 1400 milhões de euros que estava a ser gastos em juros, reforçando o investimento em áreas como a da saúde. Reduzir o serviço da dívida é crucial – e é preciso ter condições políticas para isso”, frisou.
"Temos de continuar a ter a cautela suficiente para que o país não se exponha a uma corrente de ar e apanhe uma gripe que se transforme numa pneumonia.”
Para Portugal continuar a crescer, segundo o primeiro-ministro, é preciso continuar a sustentar este crescimento e enfrentamos, naturalmente, vários desafios: O Brexit, porque o Reino Unido é o nosso quarto cliente; a guerra comercial entre Estados Unidos e China pode ter um efeito que desconhecemos no comércio internacional”.
“É verdade que, desde 2015, há 341 mil novos postos de trabalho, mas ainda há milhares de portugueses que ainda não encontraram emprego, e milhares de portugueses que têm um emprego ainda em situação de precariedade e que merecem ter estabilidade. É verdade que as desigualdades têm diminuído, mas há muita pobreza. E há problemas novos que têm surgido na sociedade portuguesa, designadamente os que a habitação coloca desde logo à classe média e que importa resolver”, apontou. Depois, concluiu: “Há ainda muito trabalho para fazer”.
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