Conselho das Finanças Públicas mais pessimista de todos. PIB cresce 1,6% em 2019
CFP diz que parece ter "terminado a fase de expansão" da economia portuguesa. Projeções traçam quadro mais sombrio para quem vencer legislativas de outubro.
O Conselho das Finanças Públicas (CFP) projeta um crescimento do PIB de 1,6% este ano, significativamente abaixo da previsão oficial do Governo que aponta para 2,2%. O número consta do relatório publicado pela instituição esta quinta-feira e é o mais pessimista entre as projeções avançadas até agora pelas organizações que acompanham a economia portuguesa. Mas as más notícias não ficam por aqui: se nada for feito pelo Governo que sair das legislativas de outubro para estimular a economia, ao longo da próxima legislatura o PIB cresce ainda menos.
A instituição presidida por Nazaré Costa Cabral divulgou hoje o relatório “Finanças Públicas: Situação e Condicionantes 2019-2023”. Este relatório é seguido com atenção por quem acompanha a economia nacional e o desempenho das contas públicas. Além disso, a publicação do documento em março serve como uma espécie de antecâmara para o Programa de Estabilidade que o Governo envia para Bruxelas em abril. Este ano, estes dois documentos (o do CFP e o do Executivo) têm um interesse adicional. Ambos traçam cenários para a próxima legislatura, fornecendo um quadro económico e orçamental à solução governativa que resultar das eleições legislativas marcadas para 6 de outubro.
A nova projeção do CFP constitui uma revisão em baixa face às projeções de setembro, quando o CFP apontava para um crescimento do PIB de 1,9%. Mas de lá para cá, têm sido várias as instituições internacionais a piorar as previsões para a Zona Euro, para onde Portugal dirige cerca de três quartos das suas trocas comerciais.
O CFP torna-se agora na organização com visão mais pessimista para Portugal. No início de fevereiro, Bruxelas atualizou as previsões, indicando esperar que Portugal cresça 1,7% este ano. Este era o pior cenário macroeconómico traçado para a economia portuguesa, estatuto que pertence agora ao CFP.
A cerca de um mês do envio para o executivo comunitário do Programa de Estabilidade aumenta a pressão sobre o Governo português para que corte nas suas previsões. O ministro das Finanças já admitiu que o poderá fazer – até já quantificou a revisão que antecipa e que não vai além de “duas décimas” face aos 2,2%. Os economistas ouvidos pelo ECO consideraram que esta alteração para uma previsão de crescimento de 2% pode não chegar, uma tese reforçada com os números avançados esta quinta-feira pelo CFP.
Quanto vai crescer a economia este ano?
Se a projeção do CFP se concretizar, será preciso recuar a 2014 para encontrar um desempenho da economia mais fraco. Neste, que foi o ano em que a troika saiu de Portugal depois da implementação de um programa de ajustamento económico e financeiro durante três anos, a economia cresceu 0,9%, crescimento que duplicou no ano seguinte.
Além disso, o quadro traçado pelo CFP que vai até 2023, cobrindo assim o período de uma legislatura, mostra também que o ciclo que se antevê é de abrandamento. A projeção para 2019 é a melhor, já que nos anos seguintes a economia deverá crescer sempre menos.
O novo enquadramento internacional leva o CFP a afirmar que “a economia portuguesa aparenta assim ter terminado a fase de expansão e estar a iniciar a fase descendente do ciclo num enquadramento internacional com riscos descendentes acrescidos”.
Até 2023, a procura externa líquida mantém o seu contributo negativo para o PIB e a procura interna mantém-se como motor do crescimento, mas de forma mais moderada. Apesar disso, no mercado da trabalho a taxa de desemprego continuará a baixar e o emprego a crescer, embora a um ritmo menor.
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