Créditos tóxicos podem garantir “lucros significativos” à CGD nos próximos anos
Segundo o ex-Revisor Oficial de Contas, o banco público deverá registar "lucros significativos" com a reversão do excesso de imparidades que foram registadas em 2016 por imposição europeia.
A Caixa Geral de Depósitos (CGD) deverá garantir “lucros potenciais significativos” no futuro com a reversão do excesso de imparidades associadas aos ativos tóxicos que foram constituídas em 2016, por imposição das autoridades europeias para permitir a recapitalização do banco público, considera o antigo Revisor Oficial de Contas (ROC).
As imparidades “estão muito sobreavaliadas. A atual administração tem de gerir estes ativos porque tem ali resultados potenciais muito significativos”, disse Manuel de Oliveira Rego, da Oliveira Rego & Associados, na comissão de inquérito à recapitalização da CGD e aos atos de gestão. “É preciso haver uma gestão apertada” destes ativos, frisou o responsável.
"As imparidades estão muito sobreavaliadas. A atual administração tem de gerir estes ativos porque tem ali resultados potenciais muito significativos.”
Em 2016, a CGD registou prejuízos de 1.800 milhões de euros, devido ao registo de imparidades que totalizaram os 3.000 milhões de euros. O reconhecimento destas imparidades foi condição essencial para a autoridade de concorrência europeia, a DG-Comp, não considerar a recapitalização do banco com 3.900 milhões de euros de dinheiros públicos uma ajuda de Estado. De acordo com o relatório da EY, só os 25 principais créditos problemáticos da CGD registaram imparidades no valor de 1.200 milhões de euros.
Paulo Macedo já disse que os créditos mais emblemáticos vão continuar na esfera do banco público para serem recuperados pela unidade de investimento, o CaixaBI. Também já revelou que o facto de haver imparidade no crédito, isso não significa que já tenha dado o empréstimo como perdido. Ou seja, recuperando o crédito, a anulação da imparidade dará origem a lucro.
“Parece natural que a manutenção dos mesmos ativos em carteira e a respetiva valorização, a execução dos colaterais associados ou a sua venda de forma prudente em mercado poderá implicar reversões de imparidades significativas para a CGD, traduzindo-se em resultados positivos nos próximos anos”, considerou Manuel de Oliveira Rego.
Depois dos prejuízos de 1.800 milhões de euros em 2016, o banco regressou aos lucros nos anos a seguir: lucrou 50 milhões de euros em 2017, um resultado que foi multiplicado por dez no ano passado: 500 milhões de euros que deverão traduzir-se em 200 milhões de euros em dividendos para o Estado.
Questionado pelos deputados sobre a política de imparização na CGD, Manuel de Oliveira Rego disse que o banco seguiu os “critérios internacionais” para o registo de imparidades, sendo da responsabilidade do auditor externo.
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