Bancos já sentem impacto do travão do Banco de Portugal na procura por crédito para a casa
O BdP justifica parte da redução da procura de crédito para comprar casa no primeiro trimestre aos efeitos da medida macroprudencial, que entrou em vigor em julho.
A medida macroprudencial do Banco de Portugal, que entrou em vigor em julho o ano passado com o objetivo de prevenir situações de sobreendividamento das famílias, já estará a ter efeito. A entidade liderada por Carlos Costa considera que esta poderá estar por detrás da ligeira quebra registada na procura de crédito para a compra de casa registada entre janeiro e março.
Os dados constam do último inquérito trimestral sobre o mercado de crédito realizado pelo Banco de Portugal, relativo aos três primeiros meses do ano, divulgado nesta terça-feira.
As respostas apuradas junto das cinco instituições financeiras inquiridas pelo regulador da banca apontam para que no primeiro trimestre do ano a procura de crédito se tenha mantido praticamente inalterada tanto no segmento das empresas como dos particulares, denotando contudo um comportamento diferente no que respeita aos empréstimos para a aquisição de casa.
“No segmento dos particulares, verificou-se uma ligeira diminuição da procura de crédito para aquisição de habitação, para a qual terá contribuído a medida macroprudencial aplicada aos novos créditos à habitação e ao consumo pelo Banco de Portugal”, frisa o banco central, que acrescenta, contudo, que no caso do crédito para consumo e outros fins a procura “permaneceu virtualmente inalterada”.
Em causa estão as recomendações do Banco de Portugal que entraram em vigor no início de julho de 2018 e que têm como objetivo que os bancos tenham em conta três tipos de limites nos critérios para a concessão de crédito à habitação, mas também para consumo. O objetivo da criação desse tipo de limites foi prevenir situações de sobreendividamento das famílias portuguesas num período marcado pelo crescimento da concessão de crédito.
Consequência ou não da medida macroprudencial do BdP, certo é que os últimos dados disponíveis mostram que a nova concessão de crédito para a compra de casa recuou em fevereiro pelo segundo mês consecutivo. A entidade liderada por Carlos Costa divulgou nesta terça-feira que em fevereiro, os bancos concederam 734 milhões de euros em empréstimos para a aquisição de casa, uma diminuição de 13 milhões face a janeiro, e o valor mensal mais baixo no espaço de um ano.
A expectativa dos bancos sondados no inquérito do BdP aponta para que não ocorram “alterações de relevo” na procura de crédito tanto por parte das empresas como dos particulares ao longo do segundo trimestre deste ano.
Já no que respeita aos critérios para a sua disponibilização, também “não antecipam alterações de relevo” tanto no segmento de empresas como particulares. Isto depois de no primeiro trimestre de 2019, os critérios de concessão de crédito e os termos e condições dos empréstimos concedidos a empresas e a particulares terem permanecido, “de um modo geral, praticamente inalterados face ao trimestre anterior”, como refere o inquérito da instituição liderada por Carlos Costa.
(Notícia atualizada às 13h27 com mais informação)
Assine o ECO Premium
No momento em que a informação é mais importante do que nunca, apoie o jornalismo independente e rigoroso.
De que forma? Assine o ECO Premium e tenha acesso a notícias exclusivas, à opinião que conta, às reportagens e especiais que mostram o outro lado da história.
Esta assinatura é uma forma de apoiar o ECO e os seus jornalistas. A nossa contrapartida é o jornalismo independente, rigoroso e credível.
Comentários ({{ total }})
Bancos já sentem impacto do travão do Banco de Portugal na procura por crédito para a casa
{{ noCommentsLabel }}