Importações crescem três vezes mais que as exportações em abril. Défice comercial volta a agravar-se
As exportações voltaram a abrandar em abril, a um ritmo mais forte que o abrandamento verificado nas importações, e o défice comercial cresceu 516 milhões de euros.
As exportações voltaram a abrandar em abril, crescendo apenas 3,2% face ao verificado há um ano. As importações também abrandaram, mas menos, e continuaram a crescer a um ritmo superior a 10% em termos homólogos, levando a um novo agravamento do défice comercial da economia portuguesa, que ultrapassou os 1.800 milhões de euros em abril. A chegada dos novos aviões da TAP, contratualizada através de uma locação operacional, aumentou o valor das importações, mas mesmo sem estes o défice comercial continuaria a agravar-se.
Segundo Instituto Nacional de Estatística (INE), que divulgou esta sexta-feira os dados sobre o comércio internacional de bens (faltam ainda os serviços), as importações cresceram 10,9% em abril — menos 0,4 pontos percentuais que há um ano –, sobretudo devido a um aumento das importações oriundas de países da União Europeia, os principais parceiros comerciais de Portugal, em especial de um aumento das importações de material de transportes, onde se incluem os novos aviões da TAP feitos pela francesa Airbus, comprados por um locador (nos Estados Unidos e Alemanha) e depois alugados pela companhia aérea nacional, revelou ao ECO fonte próxima do processo.
Esta é a categoria de importações que mais cresce, em termos relativos, (24,7%), influenciada pelo crescimento do ‘outro material de transporte’ que aumenta 129,6%. Deste aumento de 204 milhões de euros, 185 milhões de euros têm como destino a indústria, onde estarão incluídos os aviões da TAP — que apesar de serem registados como importações de bens, não têm em pacto no crescimento económico uma vez que a o regime de locação operacional determina que o proprietário económico destes aviões não é a TAP, mas as empresas locadoras.
Em abril, Portugal importou mais de países da União Europeia, em destaque da Alemanha, o segundo maior parceiro comercial para as importadoras portuguesas. As importações de bens da Alemanha aumentaram 20,3% em abril (173 milhões de euros), seguido de Espanha — o maior parceiro comercial de Portugal –, de onde as importações aumentaram 7,4% (137 milhões de euros). As importações de bens de França foi apenas o quarto país do qual as importações portuguesas de bens mais aumentaram em abril, em igual valor que a Rússia.
Destaque ainda para o crescimento das importações de bens oriundas dos Estados Unidos. Em termos relativos, as importações da maior economia do mundo para Portugal cresceram 245% (mais 132 milhões de euros), mais do que triplicaram, numa altura em que a economia norte-americana impõe diversas restrições no comércio com os maiores blocos económicos do mundo, inclusivamente com a União Europeia. E aqui a responsabilidade recai sobre os aviões que a TAP está a alugar para renovar a sua frota.
Já as exportações voltaram a abrandar no mês de abril, com os países da União Europeia a reduzirem a compra de bens fabricados em Portugal, fruto do abrandamento que se tem verificado na economia europeia. França e Reino Unido, segundo e quartos maiores parceiros comerciais para as empresas portuguesas, importaram menos produtos portugueses. Espanha e Alemanha, primeiro e terceiro maiores mercados para as exportações portuguesas, aumentaram as suas importações, mas de forma muito ligeira (Espanha comprou mais 11 milhões de euros de bens, a Alemanha apenas 1 milhão).
Destaque ainda para Angola e Brasil, que voltaram a reduzir a compra de produtos das empresas portuguesas, menos 16,3% e 11,9%, respetivamente.
Este balanço ditou um novo agravamento da balança comercial, que em comparação com o mesmo período do ano passado foi superior em 516 milhões de euros. Em março, o défice da balança comercial em termos homólogos também era de 1.802 milhões de euros, tal como o foi agora em abril, mas a melhoria que se verificou entre março e abril do ano passado não se está a verificar agora, o que demonstra um agravamento das condições para as empresas portuguesas.
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