Livre comércio em África vai beneficiar as empresas portuguesas de sucesso, defende COSEC
A presidente da COSEC considera que o tratado que estabelece a zona de livre comércio em África "vai ser bom para as empresas portuguesas que já tenham feito um bom trabalho em Angola".
A presidente da Companhia de Seguros de Crédito (COSEC) defendeu esta segunda-feira que o tratado que estabelece a zona de livre-comércio em África é uma boa oportunidade para as empresas portuguesas capitalizarem a reputação positiva. “Vai ser bom para as empresas portuguesas que já tenham feito um bom trabalho em Angola, por exemplo, e que são convidadas a replicar a experiência noutros países africanos”, disse Celeste Hagatong, em entrevista à Lusa, a propósito dos 50 anos da COSEC, que se assinalam este ano.
“Há a possibilidade de muitos empresários partirem para outros países a partir do reconhecimento que tiveram em Angola, e isso pode facilitar muito a posição das empresas portuguesas em África”, vincou a responsável.
Questionada sobre se a perceção de risco sobre o continente africano é exagerada quando é analisada por entidades não africanas, como defendem vários governantes e banqueiros do continente, Celeste Hagatong lembrou que os critérios são iguais para todos e os resultados variam em função disso.
“O risco dos países é medido todo da mesma maneira, se as regras não são exatamente aquelas, a perceção não é tão positiva”, explicou, exemplificando que “Angola e Moçambique são países que têm capacidade de gerar, a médio prazo, volumes importantes de riqueza para o próprio país, com as reservas petrolíferas, mineiras e de agricultura, mas não é de hoje para amanhã, e a curto prazo têm um risco”.
As seguradoras, continuou, “não vão pôr o capital em risco em países que de um momento para o outro podem ter uma convulsão, ao passo que as agências de crédito à exportação podem esperar a força política de dois governos para chegarem a um acordo de reescalonamento ou revisão de condições, estão numa posição diferente”, concluiu.
O acordo de livre-comércio pretende estabelecer um enquadramento para a liberalização de serviços de mercadorias e tem como objetivo eliminar as tarifas aduaneiras em 90% dos produtos. O Acordo de Livre-Comércio Continental Africano (AfCFTA, na sigla em inglês) permitirá criar o maior mercado do mundo, uma vez que pretende envolver os 55 membros da União Africana, com um Produto Interno Bruto (PIB) acumulado a ascender a 2,5 biliões (milhões de milhões) de dólares (cerca de dois biliões de euros).
Os países podem implementar a redução de tarifas durante um período prolongado no caso das mercadorias sensíveis ou manter as tarifas existentes para os restantes 10% de produtos. O AfCFTA, que visa criar, em várias fases, um mercado único de produtos e serviços entra em vigor oficialmente a 7 de julho – durante a cimeira da União Africana em Niamey, no Níger – nos 25 países que o ratificaram, já incluindo São Tomé e Príncipe, que entregou os instrumentos de ratificação esta semana.
O acordo não foi assinado pela Nigéria (a maior economia do continente), Benim e Eritreia, mas entre os países que o ratificaram contam-se potências comerciais como a África do Sul, Quénia ou Egito.
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