Serviços públicos digitais e plataformas para exportar. É a promessa do PS para empresas do interior
Este sábado, em Braga, o PS promove um debate sobre público sobre a modernização administrativa. Proposta em termos de desmaterialização e sociedade digital só será fechada na quarta-feira.
“Tem de ser possível alguém ter um negócio em Penamacor e poder usar serviços públicos digitais, sem precisar de andar constantemente a correr de um lado para o outro para tratar dos seus assuntos”. A frase poderia se de um qualquer empresário nacional do interior, mas não. A afirmação é do secretário de Estado da Internacionalização. Eurico Brilhante Dias avança ao ECO que esta é uma matéria que terá expressão no programa eleitoral do PS.
“A digitalização tem de fazer parte de um programa eleitoral do século XXI”, defende. “Nesta fase da vida da economia portuguesa tem, seguramente, de haver oferta no sentido eleitoral, em termos de propostas na área digital”, sublinhou o secretário de Estado da Internacionalização.
A digitalização tem de fazer parte de um programa eleitoral do século XXI. Nesta fase da vida da economia portuguesa tem, seguramente, de haver oferta no sentido eleitoral, em termos de propostas na área digital.
No programa haverá propostas para reduzir os custos de contexto e fomentar a modernização administrativa, confirmou ao ECO, João Tiago Silveira, que está a coordenar a elaboração do programa eleitoral do PS. Este sábado, em Braga, vai ser feito um debate sobre público sobre a matéria e a proposta em termos de desmaterialização e da sociedade digital só será cristalizada na quarta-feira da próxima semana. “O texto final não está fechado”, sublinha, justificando assim não dar mais detalhes sobre o que “o partido do Simplex” vai propor nesta área.
“Gostaríamos muito que alguns dos processos que hoje as empresas ainda utilizam de forma mais convencional pudessem ser indutores de facilitação da utilização de serviços públicos por parte das empresas”, defende Eurico Brilhante Dias. “Isso com um forte pendor também na aproximação dos serviços públicos ao interior do país, onde os instrumentos digitais têm muita importância. São duas formas de colocar o interior no centro dos serviços públicos, diminuindo os custos de mobilidade no interior“, acrescenta.
E continuando no mesmo exemplo diz que “tem de ser possível alguém que tem um negócio Penamacor vender para Espanha, que está mesmo ali ao lado, mas também vender para o mundo inteiro a partir de bases digitais“. “A internacionalização das PME e a digitalização são áreas muito importantes e gostaríamos de continuar alimentá-la mais, com um programa específico, na área da digitalização, mas também da internacionalização a partir do digital”, avançou o secretário de Estado da Internacionalização.
“Acredito que na base das PME, em particular com bons recursos endógenos, uma parte dessa transformação passa por bons serviços públicos digitais e por uma boa integração em e-marketplaces”, defende Brilhante Dias. “A Aicep fez protocolos com a Alibaba e com a Amazon, dois grandes e-marketplaces, um de origem chinesa e outro americana, mas precisamos de mais ferramentas de digitalização do canal de vendas e de chegada a clientes internacionais. E isso tem de ser uma marca fundamental do próximo programa eleitoral do PS e, provavelmente, também do programa do Governo”, sublinha.
E “tem de ser” não por uma razão prosaica, mas porque “em muitos dos mercados mais tradicionais” os clientes estão a fechar portas e a ser substituídos pelo comércio online.
“Tipicamente, a pequena e média empresa portuguesa do setor do calçado e vestuário que ia a feiras internacionais e conhecia os seus clientes”, que frequentavam as mesmas feiras, está a ser confrontada com “uma alteração profunda”, porque esses clientes, “de loja de retalho, pequenas cadeias com três a cinco lojas”, estão a “sofrer um forte impacto” pela “alteração profunda da época de saldos e de promoções, mas também pelo comércio de rua e por uma transferência muito significativa de vendas para o canal online”, explica Eurico Brilhante Dias.
Na sua opinião, o facto de “o setor do calçado e do vestuário conseguir manter ou fazer crescer ligeiramente as vendas, como está a acontecer este ano, é um fenómeno de resiliência único, porque a verdade é que olhamos para muitos pontos de venda e estão a descer vendas muito significativamente”.
As montras das lojas cheias de botas, mas afinal está sol. Era momento de comprar sandálias, no entanto está a chover. “Estas alterações provocam um forte impacto nas vendas do setor. Por isso, estes setores precisam de diversificação de mercados. Ainda para mais, quando estes setores sempre foram setores de sofisticação que sempre venderam essencialmente para a Europa: Itália, França, Alemanha e Reino Unido“, sublinha o secretário de Estado da Internacionalização. “Aliás, ainda hoje, o maior mercado de exportação para o setor têxtil deve ser França. O que significa que não vendemos em mercados de valores mais baixos. Mas antes em mercados de topo que estão a crescer menos e onde se têm sentido estes efeitos”.
“Em alguns setores é muito importante fazer uma clara aposta em produtos de grande consumo e de venda no B2C [Business to Consumer], mas temos de fazer uma aposta superior no digital. A internacionalização para as PME é cada vez mais no online”, conclui, lembrando que, numa conversa com o designer Hugo Costa, na semana da moda portuguesa em Paris, este elegeu como desafio futuro “fazer um projeto de promoção 100% online”.
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