Cheque da CGD para o Estado chega hoje. São 200 milhões em dividendos
Paulo Macedo entrega esta sexta-feira um cheque de 200 milhões de euros a Mário Centeno relativos aos dividendos da CGD. É a primeira remuneração acionista do banco público desde 2010.
A Caixa Geral de Depósitos (CGD) passa esta sexta-feira ao Estado um cheque no valor de 200 milhões de euros. É a primeira remuneração que o banco público paga ao acionista (tutela de Mário Centeno) desde 2010. E Paulo Macedo não quer ficar por aqui. Pretende devolver toda a ajuda do Estado na recapitalização do banco. Ou seja, quer que estes sejam os primeiros dividendos de uma “longa série”.
E terá de ser uma longa série tendo em conta que o Estado injetou 2.500 milhões de euros com aumento de capital realizado em 2016, isto no âmbito da operação de recapitalização de quase 5.000 milhões de euros.
No total, o esforço público ascendeu a 3.950 milhões de euros, incluindo ainda os 1.400 milhões da conversão dos CoCos e da transferência das ações da ParCaixa. Outros 900 milhões foram obtidos pelo banco através da emissão de dívida subordinada no mercado, fator essencial para a Comissão Europeia não considerar a operação como uma ajuda de Estado.
Feitas as contas, estes dividendos “reembolsam” apenas 8% do dinheiro fresco injetado pelos contribuintes há três anos — sem contar com CoCos e ParCaixa. Ficam por “pagar” 2.300 milhões aos contribuintes. Paulo Macedo tem afirmado várias vezes que uma das suas missões é devolver a ajuda concedida pelo Estado, e o caminho começa agora a ser percorrido com a entrega dos primeiros dividendos em nove anos, isto depois dos lucros de quase 500 milhões de euros alcançados em 2018. No primeiro trimestre deste ano, os lucros disparam 86% para 126 milhões.
Como contrapartida pela recapitalização, o banco está a empreender um plano reestruturação do seu negócio. Fechou agências, promoveu a saída de trabalhadores e foi obrigado a vender os seus bancos internacionais: já alienou Espanha e África do Sul, seguem-se Cabo Verde e Brasil. A reestruturação durará até ao próximo ano.
Do lado do Mário Centeno, além dos 200 milhões da Caixa, este ano também chegaram 645 milhões de euros em dividendos do Banco de Portugal. São 845 milhões de euros que vão ajudar o ministro das Finanças a manter as contas orçamentais mais equilibradas, estimando-se um défice de 0,2% do Produto Interno Bruto (PIB) este ano.
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