Bancos têm de “limpar” malparado. FMI pede mais lucros e cuidado com a dívida
O FMI reconhece o esforço, mas diz que os bancos têm de fazer mais para "limparem" os balanços. E pede às autoridades que encorajem o setor a aumentar a rentabilidade.
O Fundo Monetário Internacional (FMI) reconhece os esforços dos bancos portugueses na redução do malparado. Tomou nota da descida do rácio de crédito em incumprimento para menos de 10%, mas salienta que este “fardo” continua a ser pesado, devendo o setor manter o foco na “limpeza”. Isto ao mesmo tempo que terá de “lutar” para aumentar a rentabilidade, numa altura de abrandamento do crescimento da economia. É vital para evitar surpresas negativas.
No Relatório do FMI para Portugal ao abrigo do Artigo IV, o Fundo dá boa nota à “gestão ativa” do stock de malparado por parte dos bancos nacionais, “que levou a uma quebra tanto em termos brutos como líquidos”. O “rácio de malparado estava, no final de 2018, abaixo dos 10%, sendo que, em termos líquidos, baixou dos 5%”, sublinha, ainda que continue a alertar para o facto de Portugal continuar a ter um dos rácios mais elevados entre os bancos europeus.
“Os supervisores devem garantir que os bancos continuam a resolver o ainda elevado stock de ativos problemáticos”, mas também o problema da “baixa rentabilidade”, refere o documento. “Baixas taxas de juro, elevados custos operacionais e imparidades continuam a pesar na rentabilidade, que está também ameaçada pelo aumento da concorrência por parte de instituições não financeiras”, diz o FMI, numa referência às grandes tecnológicas.
Este alerta para a necessidade de a banca aumentar a rentabilidade surge numa altura de abrandamento do ritmo de crescimento da economia portuguesa, o que pode dificultar o alcance dessa meta, deixando os bancos mais vulneráveis. “Os supervisores devem garantir que os rácios de capital estão resilientes a um potencial abrandamento”, refere o Fundo até agora liderado por Christine Lagarde.
“Uma economia mais fraca do que o esperado poderá levar a uma perda de qualidade dos ativos da banca e voltar a aumentar a pressão sobre os resultados“. Além disso, o FMI alerta para o excesso de exposição do setor tanto o mercado imobiliário como à dívida pública, nomeadamente a de Portugal.
Salientando que 8,8% dos ativos estava, no final do ano passado, alocado à dívida pública, o FMI nota que os bancos portugueses ficam vulneráveis à subida do prémio de risco dos soberanos. Com base numa simulação do fundo, utilizando os critérios da EBA nos testes de stress, o FMI diz que num cenário severo, o aumento de 250 pontos base nas yields da dívida com rating de BBB levaria a uma quebra de 1,5 pontos percentuais nos rácios de capital do setor, deixando-os em níveis apenas ligeiramente superiores aos de 2010.
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