Processo da Yupido arquivado. Ex-auditor que denunciou a empresa está pouco surpreendido
O ex-revisor oficial de contas da Yupido, que denunciou às autoridades suspeitas em torno do aumento de capital da empresa, não está surpreendido com o arquivamento do caso pelo Ministério Público.
O ex-auditor das contas da Yupido não está surpreendido com a decisão do Ministério Público (MP) de arquivar a investigação à misteriosa empresa. Contactado pelo ECO, José Rito, que denunciou às autoridades alegadas suspeitas em torno da avaliação dos ativos intangíveis da empresa, confrontado com o despacho de arquivamento, disse ainda sentir-se “enganado” pelos promotores da empresa.
Em causa, uma empresa portuguesa que conseguiu registar um capital social de quase 29 mil milhões de euros, com base em dois ativos intangíveis relacionados com alegados softwares de media e gestão de empresas. O caso gerou polémica em 2017, tendo sido investigado pela PJ, CMVM, Ordem dos Revisores Oficiais de Contas (OROC) e MP. Quase dois anos depois, o caso foi arquivado, confirmou o ECO junto da Procuradoria-Geral da República (PGR).
“Desconhecia”, começou por dizer José Rito. “Se o MP entendeu por bem arquivar, é porque não encontrou fundamentos”, desabafou de seguida. Questionado sobre se ficou surpreendido com a decisão, o ex-revisor oficial de contas da Yupido foi perentório: “Não muito”, apontou.
Certo é que, nos contactos que o ECO foi mantendo ao longo dos últimos meses com José Rito no âmbito do processo relacionado com a Yupido, a tese do revisor oficial de contas tem sido constante. “Em minha opinião, o que se passa está num âmbito de ‘exploração’ das ações da empresa”, referiu novamente.
“Desconfio que haveriam alguns acordos preliminares, que só avançariam com a aprovação das contas, que foi o ano em que houve aquele brutal aumento de capital. Como as contas desse ano não foram aprovadas, não conseguiram pôr [as ações] no mercado. Sendo assim, não foi possível ao MP encontrar algo mais nebuloso”, considerou o ex-auditor da Yupido.
José Rito apresentou a demissão do cargo de auditor das contas da Yupido a 14 de setembro, pouco depois da Yupido ter saltado para as páginas dos jornais. Desde então, a denúncia das suspeitas em torno da empresa resultaram num processo por difamação, movido pelos responsáveis da Yupido. Além disso, foi alvo de uma coima por parte da OROC, que considerou que o revisor oficial de contas não efetuou as devidas diligências quando aprovou as primeiras contas da empresa. A segunda prestação de contas, já com os 29 mil milhões de euros de inscritos, não terá chegado a merecer aprovação.
O ECO tentou contactar Francisco Mendes, que representou a Yupido no passado, numa tentativa de obter uma reação por parte da empresa. No entanto, ainda não foi possível.
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