PSD e CDS têm “programas de quem não pretende governar”, avalia António Costa

À Antena 1, Costa critica "leilão de baixas de impostos" prometidos por PSD e CDS em programas "indemonstráveis matematicamente". PM considera bloco central um "empastelamento" democrático.

António Costa interpreta as propostas de governo apresentados pelo PSD e CDS para as próximas legislativas como “programas de quem não pretende governar” e de quem aposta apenas em “simplesmente ganhar votos”. Em entrevista à Antena 1, o primeiro-ministro apontou incongruências matemáticas em ambos os projetos dos partidos de direita, já que prometem algo “indemonstrável matematicamente”.

“O que PSD e CDS dizem é que, ao mesmo tempo, há condições para baixar mais os impostos, aumentar a despesa e ter um défice melhor. É indemonstrável matematicamente. Não é possível ter menos receita, mais despesa e o saldo final ser ainda melhor. São programas de quem não pretende governar e quer simplesmente ganhar votos“, explicou esta sexta-feira. Em comparação, apontou, o PS compromete-se com reduções fiscais concretas e “não com um leilão de quem dá mais reduções”.

Os socialistas, sublinhou, propõem “aumentar o número de escalões de IRS para a classe média, baixar impostos em função do número de filhos e baixar os impostos sobre as empresas que reinvestiram lucros em modernização ou que investirem no interior”.

Em relação às opções que o PS poderá seguir no day after às legislativas em caso de vitória, António Costa voltou a recusar ter PCP ou Bloco de Esquerda num eventual Governo, voltando a citar o seu mantra desta campanha — “é melhor não estragar uma boa amizade com um mau casamento” –, por considerar que não estão reunidas “condições políticas” para que um Governo de coligação seja mais estável “que aquilo que tivemos nesta legislatura”.

“Não vejo condições políticas objetivas, tendo em conta os programas, para que um Governo de coligação seja mais estável que aquilo que tivemos nesta legislatura. Muito dos temas que nos afastam do PCP e do BE eram comportáveis no grau de compromisso que temos, mas não numa relação mais íntima que aquela que temos tido”, disse. Não vale a pena estragar uma boa amizade com um mau casamento”, rematou então. Mantenha-se a amizade, portanto. Até porque ainda não chegou a hora de se regressar ao esquema da partilha de poder entre PS e PSD.

Para António Costa, o país já nada tem a ganhar com a alternância de poder entre socialistas e sociais-democratas. “O país em nada ganharia em regressar ao conceito de ‘arco de governação’, condenando PCP, BE ou Verdes a um estatuto de oposição obrigatório. É um absurdo“, apontou à Antena 1. E o mesmo acontece com a ideia de bloco central, explicou.

Um bloco central é negativo para o país, empobrece a democracia e as alternativas. É fundamental que os portugueses possam ter a cada momento uma solução de governo alternativa. Em Portugal há dois partidos, PS e PSD, que podem polarizar soluções de Governo e caso confluam no mesmo ficaríamos em solução de grande empastelamento que empobrece alternativas e fomenta extremismos”, referiu.

Na entrevista, António Costa abordou ainda o futuro de Elisa Ferreira, salientando que a ainda vice-governadora do Banco de Portugal “vai ficar com uma pasta importante para Portugal”, salientando que até “o Presidente da República a considera óptima”. E apesar de ter reconhecido que já sabe qual a tutela que foi atribuída à futura comissária europeia portuguesa, Costa não a divulgará publicamente até ao anúncio oficial. “Mas estou satisfeito com a escolha”, concluiu.

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