Professores portugueses ganham mais 30% do que todos os outros trabalhadores qualificados, diz OCDE

Portugal é um dos poucos países onde os professores ganham mais do que os outros trabalhadores com curso superior. Os docentes mais jovens recebem mesmo mais 45% a 48% do que esses pares.

Portugal é um dos três países da Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Económico (OCDE) onde os professores — qualquer que seja o ano que lecionem — recebem, em média, mais do que os demais trabalhadores portugueses que também se formaram no ensino superior. De acordo com o relatório “Education at a Glance 2019”, os docentes mais jovens (25 anos a 34 anos) recebem mesmo mais 45% a 48% do que os outros trabalhadores portugueses que também concluíram um curso superior.

“Portugal é um dos poucos países da OCDE onde os professores do ensino pré-primário ao ensino secundário ganham mais, em média, do que os outros trabalhadores com curso superior“, nota a organização liderada por José Ángel Gurría, no relatório divulgado esta terça-feira. A OCDE indica ainda que a vantagem salarial é de, pelo menos, 30%.

Segundo um rácio feito pela OCDE entre os salários dos professores e os rendimentos dos outros trabalhadores que frequentaram o ensino superior, apenas em Portugal, na Letónia e na Costa Rica são as remunerações dos professores superiores às dos demais trabalhadores com o nível de formação referido. Esta regra é verificada em qualquer que seja o ano de escolaridade lecionado por estes professores, embora a diferença salarial em questão entre varie de acordo com esse fator.

Na Alemanha, os ganhos dos docentes ficam em linha com os restantes trabalhadores qualificados e, nos restantes países, o cenário é o inverso: os professores tendem a ganhar menos do que os restantes trabalhadores com cursos superiores. Na Eslováquia, por exemplo, os docentes do ensino pré-primário tendem a ganhar menos 50% do que os pares mencionados.

Esta vantagem salarial registada em Portugal é particularmente visível, destaca a OCDE, nos docentes entre os 25 anos e os 34 anos, que ganham em média mais 45% a 48% do que os demais trabalhadores com as mesmas qualificações e idade. A tendência inverte-se, contudo, ao longo da carreira, transformando-se essa vantagem numa desvantagem: entre os 45 anos e os 54 anos, os salários médios dos professores são ligeiramente mais baixos (2% a 7% mais magros) do que o dos pares mencionados. Isto apesar de o salário dos docentes aumentar à medida que a carreira avança, ou seja, apesar de começarem com remunerações acima daquelas praticadas no país, os professores tendem a ver os seus rendimentos crescerem a um ritmo mais lento do que acontece nos demais setores.

Na versão mais recente do “Education at a Glance”, a OCDE nota ainda que Portugal tem um dos corpos docentes mais envelhecidos, o que tem vindo a ser denunciado frequentemente pelos sindicatos e já tinha levado a mesma organização a estimar que um em cada dois docentes terá de ser substituído na próxima década.

De acordo com o relatório em causa, mais de 40% dos professores do ensino primário ao secundário têm 50 anos ou mais (em média, na OCDE 36% dos docentes estão nessa faixa etária) e apenas 1% tem menos de 30 anos (a média da OCDE está nos 10%). A OCDE frisa também que esse envelhecimento aconteceu de forma rápida, na última década, o que está ligado à redução do número de alunos em certas áreas do país e consequentemente à reformulação da rede escolar, limitando portanto o recrutamento de novos docentes.

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