Afinal, Tomás Correia pediu para sair da Mutualista Montepio há 18 dias
Tomás Correia entregou a carta de demissão no conselho de administração a 7 de outubro, dizendo que "não tinha condições anímicas" para continuar. Oposição pede eleições antecipadas.
Afinal, Tomás Correia pediu para sair da liderança da Associação Mutualista Montepio Geral (AMMG) bem antes desta quinta-feira. O próprio já tinha comunicado ao conselho de administração a intenção de deixar o cargo há algumas semanas. Numa carta datada de 7 de outubro, o gestor transmitiu aos administradores que “não tinha condições anímicas” para continuar. E que, por isso, pretendia abandonar a presidência da mutualista.
Segundos relatos obtidos pelo ECO, foi durante a reunião do conselho geral da instituição, que teve lugar esta quinta-feira à tarde, que essa carta foi lida aos conselheiros. Tomás Correia fez uma intervenção de cerca de dez minutos já depois de terem sido discutidos os dois primeiros pontos da ordem de trabalhos. Apresentou o seu pedido de saída dizendo que estava “cansado” e que já tinha “cumprido a missão” na AMMG. Também se mostrou magoado com falta de apoio do governo, nomeadamente pelo facto de não defender os interesses nacionais, tendo-se queixando dos “muitos inimigos” que atacaram o Montepio.
Os conselheiros aprovaram depois, por unanimidade, a saída de Tomás Correia. Mas há várias semanas que o gestor sabia o seu destino, segundo se pode comprovar pela data da carta que entregou no conselho de administração no início do mês. Isto apesar de o próprio, em reação a notícias do ECO e do Expresso publicadas na semana passada a dar conta que se preparava para anunciar a demissão na reunião do conselho geral, ter garantido que não se ia demitir esta quinta-feira e que não era “condicionável” por ninguém.
Na reunião desta quinta-feira, o conselho geral definiu ainda a data de saída de Tomás Correia. Isto porque, segundo foi explicado aos conselheiros, a Autoridade de Supervisão dos Seguros e Fundos de Pensões (ASF) queria saber qual seria o último dia do gestor à frente da mutualista — o regulador já tinha transmitido a Tomás Correia a informação de que este não reunia as condições para permanecer no cargo, dando tempo para se afastar pelo seu próprio pé.
Por proposta do conselho de administração, acertou-se o dia 15 de dezembro para a saída de Tomás Correia. Mas houve outra proposta em cima da mesa, colocada pelo conselheiro Luís Patrão, o final do mês de novembro, seguindo uma lógica das sociedades comerciais: sair no final do mês a seguir ao pedido de renúncia. Mas só teve cinco votos.
Oposição pede eleições antecipadas
Face à saída de Tomás Correia, os outros dois candidatos que concorreram nas últimas eleições vieram exigir novo ato eleitoral na AMMG. “A marcação de eleições antecipadas o mais cedo possível é a única forma de legitimar o conselho de administração”, referiu António Godinho ao ECO. “A legitimidade desta administração está ferida desde as eleições. Foi uma candidatura muito personalizada em torno de Tomás Correia”, sublinhou ainda.
Fernando Ribeiro Mendes, que fez parte da anterior administração, afirmou ao ECO que espera que Virgílio Lima, o sucessor de Tomás Correia à frente da mutualista, “tenha a capacidade de diálogo para preparar uma revisão dos estatutos de forma tranquila e para desencadear novo processo eleitoral até final do ano e ao longo de 2020 para termos um novo elenco de órgãos que estejam à altura dos desafios da AMMG”. “Não podemos ter órgãos sociais eleitos com base em regras antigas”, disse.
Ambos frisaram a importância da revisão dos estatutos da mutualista. Segundo Ribeiro Mendes, “a atual proposta é muito deficiente e insatisfatória”, tendo sido feita “à luz do passado”.
Na próxima terça-feira há debate marcado para o hotel Plaza, em Lisboa, para a discussão do projeto de revisão parcial dos estatutos, numa iniciativa promovida por vários associados descontentes com a gestão de Tomás Correia, incluindo António Godinho e Ribeiro Mendes. Algumas propostas “visam limitar a democraticidade dos processos de formação e do funcionamento do novo órgão estatutário a eleger, a assembleia de representantes”, queixam-se estes associados.
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