Tomás Correia chama conselheiros do Montepio com liderança em dúvida
Hoje há reunião com o conselho geral da Mutualista Montepio. Tomás Correia garante que não se demite esta quinta-feira. Isto apesar de a sua liderança estar a ser questionada pelo regulador.
Esta quinta-feira há reunião do conselho geral da Associação Mutualista Montepio Geral (AMMG). Será o último encontro de Tomás Correia com os conselheiros antes da assembleia geral de associados, marcada para 4 de novembro, votar o fim deste órgão consultivo. Aos rumores de que podia ser o momento e o “fórum” para anunciar a saída, antecipando-se a um eventual chumbo do regulador, Tomás Correia já esclareceu que não fará qualquer comunicação desta natureza. Ainda assim, as últimas declarações públicas do gestor deixam em aberto o seu futuro próximo na liderança da instituição.
“Não me condicionam com essa conversa. Dia 24 não saio de certeza absoluta. Podem ficar tranquilos”, respondeu o presidente da AMMG aos jornalistas na semana passada. Isto depois de o ECO e o Expresso terem dado conta de que Tomás Correia poderia anunciar a saída nesta reunião por causa do processo de avaliação de idoneidade em curso na Autoridade de Supervisão de Seguros e Fundos de Pensões (ASF). O regulador já terá transmitido a Tomás Correia que não reúne todas as condições para continuar à frente do Montepio.
Garantindo que não renuncia hoje, Tomás Correia deixou, ainda assim, em aberto a sua saída, até porque a idade começa a pesar. “É óbvio que por razões de idade, numa dada altura, hei-de sair do Montepio, até porque já não tenho condições físicas e até intelectuais, se quiserem pensar assim, para poder continuar a assumir esta responsabilidade”, afirmou. Mas só sairá “quando entender que é o momento, em boa ordem”, assegurou.
Na reunião com os 12 conselheiros vão ser discutidos três temas: o desempenho das empresas do grupo no primeiro semestre do ano; a substituição de um membro do conselho fiscal; e ainda “diversos” assuntos. Será a oportunidade para o conselho geral poder discutir a revisão de estatutos que vai determinar o seu próprio fim.
É óbvio que por razões de idade, numa dada altura, hei-de sair do Montepio, até porque já não tenho condições físicas e até intelectuais, se quiserem pensar assim, para poder continuar a assumir esta responsabilidade.
Oposição quer debater estatutos
A propósito da mudança estatutária, a oposição a Tomás Correia marcou para o final deste mês uma sessão para discutir com os associados o projeto de revisão parcial dos estatutos apresentado há semanas. Entre as personalidades envolvidas nesta iniciativa, que terá lugar no próximo dia 29 de outubro no hotel Plaza, em Lisboa — ou seja, uma semana antes de os associados votarem a proposta de revisão –, estão Fernando Ribeiro Mendes e António Godinho, que concorreram contra Tomás Correia nas últimas eleições.
Este grupo de sete associados critica o facto de não ter havido discussão em torno das alterações em cima da mesa e a circunstância de a proposta de revisão ter sido tornada pública em cima da assembleia geral de associados, “o que limita drasticamente a possibilidade de debate das mesmas”.
“Tal é particularmente grave dada a natureza dos ajustamentos propostos. Alguns deles visam limitar a democraticidade dos processos de formação e do funcionamento do novo órgão estatutário a eleger, a Assembleia de Representantes“, queixam-se estes associados.
“Outros querem livrar-se imediatamente do conselho geral atual, (…) salvaguardando, ao mesmo tempo, a continuidade dos mandatos do conselho de administração, conselho fiscal e mesa da assembleia geral, apesar de eleitos em 7 de dezembro com base em regras eleitorais fora da letra e do espírito do novo código das mutualidades”, criticam ainda.
Segundo estes associados, algumas alterações são “muito controversas e potencialmente perigosas, porque excluem os representantes da maioria dos associados do controlo da governação do Montepio nesta fase de crise de confiança agravada”.
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