Mercado imobiliário a arrefecer? 2019 está prestes a superar 2018

Um estudo da Cushman & Wakefield concluiu que 2019 poderá igualar ou até mesmo superar o bom momento que se viveu no mercado imobiliário no ano passado.

Apesar dos primeiros sinais de arrefecimento, a atividade do mercado imobiliário deste ano pode superar a do ano passado. As conclusões são da consultora Cushman & Wakefield (C&W), que destaca ainda que, até setembro, o volume de investimento em imobiliário comercial atingiu 1,7 mil milhões de euros. O destaque foram os escritórios que, apesar da escassez de oferta, bateram um recorde em termos de área média transacionada.

Na reta final do ano, e apesar dos sinais de arrefecimento, o mercado imobiliário nacional continua a exibir um bom desempenho, diz o estudo “Market Update”. O caminho até aqui tem sido tão positivo que os especialistas da C&W acreditam mesmo que sejam igualados ou mesmo superados os níveis recorde de atividade alcançados no ano passado em praticamente todos os setores.

“A maior robustez da economia e os valores de mercado praticados têm contribuído para a atratividade do mercado imobiliário, o qual, apesar de ser ainda claramente dominado pela procura internacional, tem vindo a verificar um incremento do capital nacional. Para 2020, antecipa-se uma manutenção da evolução positiva do mercado, embora a níveis mais moderados face aos últimos anos“, diz Andreia Almeida, diretora de research da consultora.

Nos 1.700 milhões de euros de investimento atingido no mercado comercial, o destaque foram os escritórios (34%). Neste segmento, foram transacionados mais de 149.000 metros quadrados, num total de 130 negócios entre janeiro e setembro. Foi, assim, atingido um novo recorde histórico em termos de área média por transação: 1.150 metros quadrados, o dobro da média dos últimos dez anos.

As maiores operações aconteceram na zona 6 (corredor oeste — parques empresariais no eixo A5 Lisboa/Cascais) e na zona 1 (prime Central Business District — eixo Avenida da Liberdade, Saldanha), com destaque para a torre Fontes Pereira de Melo 41, vendida aos alemães da Deka Immobilien por 125 milhões de euros, tal como o ECO noticiou.

Mas, apesar destes bons resultados, a escassez de espaços de escritórios continua a ser preocupante, também devido à forte procura. Neste sentido, a taxa de desocupação bateu os 3,9% em setembro e os valores das rendas aumentaram para os 23 euros por metro quadrado na zona 1. Neste contexto, diz a consultora liderada por Eric Van Leuven, “a promoção de edifícios de forma especulativa tem vindo a subir”.

Negócios no retalho aumentam 50%

Para além dos escritórios, também o setor do retalho se destacou nas operações realizadas entre janeiro e setembro. Nesse período, a C&W observou mais de 620 negócios retalhistas, um aumento de 50% face ao ano passado. E foi também neste setor que aconteceu a maior operação do trimestre em a segunda maior do ano: a compra dos centros comerciais Albufeira Retail Park e AlgarveShoppping pela Freypor 179 milhões e euros.

O comércio de rua continua a dominar as novas aberturas com mais de 410 novas lojas, ou seja 67% das unidades comercializadas. Por sua vez, os centros comerciais contabilizaram 18% do número de operações, um valor influenciado pelos recentes projetos de expansão e/ou renovação.

Acompanhando a tendência dos últimos anos e impulsionado pelo boom do turismo, o setor da restauração foi o mais ativo, com 55% do número de operações. A análise da consultora notou ainda que as cadeias de retalho nacionais aumentaram a sua representatividade, com 31% dos negócios fechados, embora ainda abaixo dos operadores independentes, com 46%.

Falta de instalações modernas de qualidade condiciona setor industrial

Contrariando os setores irmãos, a atividade de ocupação no setor industrial e logístico manteve-se abaixo das expectativas, com o volume de ocupação entre janeiro e setembro a situar-se nos 47.200 metros quadrados, metade do que foi transacionado no mesmo período do ano passado.

O maior negócio do ano aconteceu no terceiro trimestre: a ocupação pela Sandometal de uma unidade logística com 6.300 metros quadrados na zona de Azambuja.

A escassez de oferta de instalações modernas de qualidade é apontada pela C&W como um dos principais fatores para a diminuição da procura, situação que se prevê que venha a ser colmatada com o arranque de dois novos projetos: a Plataforma Logística Lisboa Norte, da Merlin Properties, e o projeto logístico sustentável da Aquila Capital, ambos na zona de Azambuja.

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