Isabel dos Santos diz que arresto trava eventuais alterações nos acionistas da Galp
Empresária é parceira da empresa estatal angolana Sonangol na holding que detém uma participação na portuguesa Galp. Defende que o processo judicial em curso impede alterações a esta situação.
O arresto de bens de Isabel dos Santos ordenado pelo Tribunal de Luanda impedem que sejam feitas alterações na estrutura da holding que é a maior acionista da petrolífera Galp. Esta é a convicção da empresária que, em entrevista à Reuters (acesso livre, conteúdo em inglês), diz acreditar que Angola poderá não ter escolha e ver-se obrigado a privatizar a Sonangol devido ao mau desempenho da empresa.
A petrolífera estatal angolana Sonangol detém 60% da Esperaza, enquanto Isabel dos Santos é dona dos restantes 40%. Por sua vez, a Esperaza tem 45% da holding Amorim Energia (e a família Amorim tem os outros 55%). Finalmente, a Amorim Energia controla 33,34% do capital da Galp. Assim, é através desta holding que tanto a Sonangol como Isabel dos Santos são acionistas da Galp.
O presidente da Sonangol, Sebastião Gaspar Martins, tem sublinhado a intenção de a petrolífera angolana permanecer como acionista da Galp, por considerar que é um “investimento estratégico”. Sobre o mal-estar entre Isabel do Santos e o Governo, afirmou que “as relações empresariais não se alteram por motivos que não sejam empresariais”.
A empresária disse, agora à Reuters, que os esforços para separar a participação conjunta com a Sonangol na Galp ficaram impossibilitados pelo congelamento dos bens. O Tribunal Providencial de Angola ordenou o arresto preventivo de bens de Isabel dos Santos, do marido Sindika Dokolo e do gestor Mário Silva. Em causa estão contas bancárias e participações no banco BIC, na Unitel, no banco BFA, na ZAP Media, na Finstar, na Cimangola, na CONDIS, na Continente Angola e na SODIBA.
O arresto tem por base uma acusação do Estado angolano, que reclama o pagamento de empréstimos feitos quando Isabel dos Santos era presidente da Sonangol e o pai era presidente do país. E alega que a empresária está a tirar negócios do país, uma acusação que esta já negou.
Ao ECO, a Procuradoria-Geral da República de Angola explicou que o processo não inclui atualmente as participações da angolana em empresas portuguesas (além da Galp, detém também participações na Efacec, Nos e Eurobic), mas admitiu que poderá vir a fazê-lo. Também o Banco de Portugal e a Comissão do Mercado de Valores Mobiliários (CMVM) estão a acompanhar o caso.
(Correção: Na versão inicial desta notícia foi escrito que quando o negócio da Galp foi feito, Isabel dos Santos era presidente da Sonangol, o que não corresponde à verdade. Pelo facto pedimos desculpa aos nossos leitores).
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