Nos acaba com subscrição de conteúdos na net que descontam no saldo. Wap Billing era usado em “fraudes”
A Nos decidiu pôr fim às novas ativações de serviços Wap Billing, por reconhecer que este mecanismo que permitia pagar com o saldo foi usado por terceiros em "fraudes" que lesaram os clientes.
A Nos NOS 0,00% vai deixar de permitir novas adesões a serviços de Wap Billing, que são cobrados a partir do saldo ou da fatura dos clientes. A empresa justifica a decisão com a “proteção dos clientes”, tendo em conta que estes serviços continuam a motivar centenas de queixas às operadoras e ao regulador. Muitas vezes, os utilizadores ativam estes serviços sem o querer, sendo o valor descontado periodicamente do saldo.
“A partir de hoje [terça-feira], a Nos deixa de permitir a utilização do saldo ou da fatura para novas ativações de serviços do tipo Wap Billing, numa medida que visa o reforço da proteção dos seus clientes, assim como a transparência nos serviços prestados”, informou a operadora liderada por Miguel Almeida, num comunicado.
Como explica a Nos, “Wap Billing é o serviço que permite aos clientes” de telecomunicações que tenham um telemóvel “efetuar pagamentos de serviços e conteúdos digitais disponibilizados por terceiros, através de páginas na internet”. “Os clientes podem subscrever serviços ou conteúdos de vídeo, jogos, wallpapers, astrologia, conteúdos para adultos, entre outros, utilizando nessa transação o seu saldo ou fatura”, acrescenta a empresa.
O Wap Billing foi criado para dar mais comodidade aos utilizadores no momento de pagar um serviço digital. No entanto, como reconhece a Nos, acabou por se transformar numa técnica muito usada em fraudes online. “Este serviço esteve na base de episódios de fraude, realizada por entidades terceiras que lesaram clientes Nos, ainda que o operador tenha reagido sempre na desativação das subscrições fraudulentas e na devolução dos valores cobrados indevidamente aos seus clientes”, indica a operadora.
Ainda assim, com a prevalência do problema, a Nos decidiu acabar de todo com as novas adesões, mantendo apenas as que já tinham sido feitas anteriormente, partindo do pressuposto que esses clientes estão satisfeitos com o serviço. “À data, a Nos considera que existem conteúdos de igual ou melhor qualidade disponíveis através de outros canais, como as lojas de aplicações, que possibilitam ao cliente um maior controlo de custos e uma melhor experiência de subscrição e utilização”, indica um comunicado divulgado pela operadora.
Em agosto de 2019, foi notícia o facto de terem sido abertas 602 reclamações no Portal da Queixa até 31 de julho desse ano, por alegadas fraudes através deste mecanismo de cobrança, em que valores foram cobrados aos clientes sem autorização dos mesmos. No ano anterior, a Meo, Nos, Vodafone e Nowo tinham estabelecido um código de conduta para o Wap Billing, mas que não travou os problemas.
Mas esta polémica nas telecomunicações recua ainda mais no passado. Em novembro de 2017, a Anacom aprovou uma recomendação às operadoras “no sentido de que estas apenas procedam à cobrança de conteúdos digitais ou serviços que não são de comunicações eletrónicas — por exemplo toques, jogos, concursos ou wallpapers — que habitualmente são contratados mediante acesso a páginas da internet, quando os seus clientes as tenham expressamente autorizado”.
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