Luanda Leaks afeta a confiança dos investidores? “Preferíamos que não acontecesse”, diz Isabel Ucha
Presidente da bolsa considera que o mercado está a recuperar força e confiança desde que o rating do país voltou a investment grade, mas aponta o risco de casos que comprometem o bom governance.
A presidente da bolsa de Lisboa considera que casos como o Luanda Leaks poderão afetar o bom funcionamento do governance das cotadas portuguesas pelo que é sempre preferível que não aconteçam. No entanto, Isabel Ucha prefere focar-se no ciclo “positivo” que o mercado de capitais vive nos últimos dois anos.
“Tudo o que sejam acontecimentos que não sejam boas notícias para o bom funcionamento da governance das empresas é algo que nós preferíamos que não estivessem a acontecer“, afirmou Isabel Ucha, em entrevista ao ECO, quando questionada sobre o impacto do caso na confiança dos investidores no mercado de capitais português.
O consórcio de jornalismo de investigação (ICIJ) revelou mais de 715 mil ficheiros que revelam como Isabel dos Santos se tornou a mulher mais rica de África. De acordo com a investigação, a filha do ex-presidente de Angola terá utilizado fundos públicos para fazer crescer a fortuna própria. Foi na liderança da Sonangol que terá, com recurso ao EuroBic, transferido 115 milhões de dólares para uma sociedade sua no Dubai.
Isabel dos Santos tem participações em 22 empresas com sede ou presença em Portugal, incluindo nas cotadas Nos e Galp, mas também na Efacec e no banco EuroBic, sendo que estas duas últimas estão em processo de venda.
"Tudo o que sejam acontecimentos que não sejam boas notícias para o bom funcionamento da governance das empresas é algo que nós preferíamos que não estivessem a acontecer.”
Devido à teia de influências da angolana no mercado de capitais e no sistema financeiro financeiro, a presidente da Comissão do Mercado de Valores Mobiliários (CMVM), Gabriela Figueiredo Dias, alertou recentemente que “situações desta natureza são factos que impactam a confiança dos investidores.
Questionada sobre se concorda, Isabel Ucha preferiu não se pronunciar mais sobre o assunto, apontando antes para a recuperação do mercado após a crise. “A economia portuguesa entrou num ciclo positivo que se está a refletir no mercado de capitais desde 2017, desde que recuperamos o rating em grau de investimento, que foi fundamental para atrair mais investidores internacionais“, sublinhou.
“Se olharmos para a evolução do índice PSI-20 nestes três anos, ganhou 26% sensivelmente, em linha com o Euro Stoxx 600, que representa a média europeia e melhor do que Espanha que teve apenas um crescimento de 14%. Isso é o reflexo de sete anos de crescimento económico, de reequilíbrio macroeconómico. Quero deixar uma palavra positiva a todo esse contexto económico e financeiro e que deverá positivamente influenciar o desenvolvimento do mercado”, acrescentou a presidente da Euronext Lisbon.
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