Bancos portugueses arriscam imparidades com exposição a Isabel dos Santos, diz Fitch
Fitch diz que banca portuguesa pode ter de constituir imparidades para acautelar financiamentos dados a Isabel dos Santos. Mas exposição à empresária angolana "é gerível", refere a agência.
Os bancos portugueses têm uma exposição de, pelo menos, 570 milhões de euros a Isabel dos Santos e às suas empresas. A polémica com o Luanda Leaks pode obrigar as instituições financeiras a ter de constituir imparidades para fazer face a eventuais incertezas em relação ao futuro da empresária angolana, considera a agência Fitch.
“A exposição a Isabel dos Santos e às suas empresas poderá implicar riscos de imparidades, mas estas exposições são geríveis em termos da dimensão“, refere a agência de rating numa nota publicada esta quarta-feira.
Segundo o jornal Expresso, o Banco de Portugal já pediu aos bancos para avaliarem se todos os financiamentos à filha do ex-Presidente de Angola José Eduardo dos Santos estão cobertos por imparidades de forma adequada. Mais de metade dos créditos estão concentrados em apenas três bancos. A grande maioria dos empréstimos tem a ver com os investimentos de Isabel dos Santos na Efacec, que já foi colocada à venda (assim como o banco EuroBic).
A Fitch adianta que a vaga de investigações relacionadas com lavagem de dinheiro em torno de altas figuras angolanas com contas bancárias em Portugal “está a reduzir o apetite de alguns bancos portugueses por ligações a Angola”. E se as instituições lusas reduzirem ainda mais a exposição a Angola isso será positivo “tendo em conta o ambiente operacional fraco em Angola e as deficiências de governação” no país.
Na nota, a agência lembra que os bancos dos dois países tem beneficiado com esta ligação que é histórica. “Os bancos portugueses providenciaram capital e know-how ao setor bancário angolano e foram úteis no seu desenvolvimento. Subsidiárias de bancos portugueses em Angola têm tido destaque no país e foram contribuintes substanciais para os lucros das casas mãe, particularmente enquanto a economia de Angola beneficiou da subida dos preços do petróleo em 2014″, conta a Fitch.
De acordo com os cálculos da agência, as operações angolanas contribuíram com mais de 230 milhões de euros para os lucros dos seis principais bancos portugueses em 2013-2014, mitigando as perdas das operações domésticas naquele período. Entretanto, Angola já só contribuirá com 100 milhões atualmente.
Entre outros, estão presentes em Angola a Caixa Geral de Depósitos (na Caixa Geral Angola), BCP (no Millenium Angola), Novo Banco (no Banco Económico) e BPI (no BFA).
A Fitch recorda que, face ao “ambiente operacional de Angola mais volátil”, vários bancos portugueses já saíram ou reduziram a suas posições nos bancos angolanos, “sob pressão do regulador”.
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