Coronavírus já está a contagiar a economia da Zona Euro
Zona Euro começa a sentir os primeiros sintomas do novo coronavírus. Indústria está em contração nos motores europeus. Setores como o turismo e têxtil já fazem contas. OCDE revê crescimento em baixa.
O coronavírus também está a ameaçar a débil saúde economia na Zona Euro, com os primeiros indicadores que medem a atividade económica a sentirem já o impacto provocado pelo surto do Covid-19 na China. Setores como o têxtil e turismo já fazem contas aos prejuízos. A OCED já reviu o crescimento em baixa. Mas o pior ainda poderá estar para vir.
Na Zona Euro, a atividade na indústria manteve-se em contração no mês de fevereiro, com as três principais economias da região em queda. O índice de gestores compras PMI na indústria atingiu mínimos de 13 meses na Alemanha, ao registar 48,0 pontos no mês passado, revelou esta segunda-feira o IHS Markit. Leituras abaixo de 50 apontam para contração da atividade. França e Itália também registaram quedas na atividade, com leituras abaixo de 50.
Tanto a produção industrial como a novas encomendas continuaram em terreno negativo. Por outro lado, os prazos para os recebimentos de produtos aumentaram pela primeira vez num ano, sobretudo em resultado do encerramento de fábricas na China com o prolongamento das férias do Ano Novo chinês. Para conseguir fazer face às encomendas, as empresas tiveram de reduzir os stocks a um ritmo raramente visto na última década.
“Os atrasos nos carregamentos de mercadorias devido ao coronavírus ameaçam restringir a produção nos próximos meses, prolongando uma desaceleração que já se estende há mais de um ano“, apontou Chris Williamson, economista chefe da IHS Markit, notando que o pior ainda está para vir. “O regresso ao trabalho de muitas fábricas chinesas após as férias prolongadas do Ano Novo pode ajudar a aliviar restrições globais, mas a disseminação dos riscos da epidemia Covid-19 está a aumentar a aversão ao risco e a redução dos gastos de empresas e consumidores”, acrescentou o responsável.
Na China, este indicador PMI caiu para mínimos históricos, sinalizando o travão que o coronavírus provocou naquela que é a segunda maior economia do mundo. “A produção, as novas encomendas e o emprego registaram a maior queda de sempre, perante o encerramento prolongado das empresas durante o Ano Novo devido ao Covid-19. Além disso, as exportações caíram a um dos ritmos mais elevados da série devido às restrições nos carregamentos e ao cancelamento de encomendas”, refere a IHS Markit.
PMI chinês afunda
Fonte: IHS Markit
Estes são os primeiros sinais dos efeitos do coronavírus na economia real. Há setores que já fazem as contas às perdas.
Por exemplo, em Portugal, setores como o têxtil e o vestuário estão já a verificar paragens na produção por falta de matéria-prima que é comprada à China. Se a situação se prolongar por vários meses, os inventários acabarão por esgotar e as fábricas irão parar mesmo. “Se isto durar mais um ou dois meses, paramos todos, e não é só no têxtil e vestuário. Não há stocks que resistam”, dizia o presidente da têxtil Rio Pele, César Araújo, ao ECO.
O turismo é um dos setores mais penalizados com as restrições na circulação, numa tentativa de controlar o surto do Covid-19 que entretanto se espalhou por todo o mundo. A indústria turística da União Europeia já reclama uma fatura de mil milhões de euros com o Covid-19 desde o início do ano, sendo que a época alta do verão ainda está por chegar. Há menos turistas chineses a viajar para o Velho Continente. As autoridades também recomendam que se façam apenas as viagens realmente necessárias, pedindo que se evitem, por exemplo, as viagens de estudantes finalistas, que ocorrem geralmente neste período do ano.
Se os próximos indicadores económicos vão ajudar a perceber o real impacto do surto do novo vírus, a Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Económico (OCDE) já veio atualizar a sua perspetiva para o andamento económico global. E as notícias não foram propriamente positivas.
A economia global deverá agora crescer apenas 2,4% este ano, em vez dos 2,9%. A Zona Euro registará um crescimento de apenas 0,8%, com o motor alemão a crescer apenas 0,3% e Itália, a terceira economia da região, a registar um crescimento nulo.
Para travar o pior cenário, as maiores economia do mundo vão reunir esta semana para planear ações concertadas. “Temos de agir para que este impacto, que sabemos que será significativo sobre o crescimento, seja tão limitado quanto possível”, frisou o ministro francês Bruno Le Maire, sublinhando que a “epidemia está agora a atingir outros países”, para além da China, “por isso, o impacto será muito mais significativo”.
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