Mais de 2.000 colaboradores em mais de 20 cidades do mundo. Prestes a inaugurar do centro de I+D em Matosinhos, estivemos à conversa com Ricardo Macieira, country manager da Revolut.
Com mais de 2.000 trabalhadores em mais de 20 cidades do mundo, a Revolut ultima os preparativos para a inauguração do centro de desenvolvimento e inovação em Matosinhos. Ricardo Macieira, country manager da empresa para Portugal, diz que anda à procura de talento de todo o mundo.
Londres, Cracóvia, Nova Iorque, Moscovo, São Petersburgo, Vilnius, Berlim, Paris, Barcelona, Milão, Atenas, Bucareste, São Francisco, Melbourne, Toronto, Singapura, Tóquio e, agora Matosinhos. De volta aos primeiros dias de Revolut: como criar a “equipa perfeita” para fazer nascer um negócio?
O Nik e o Vlad – fundadores da Revolut – aliaram-se às pessoas que partilhavam a sua visão única. A Revolut nasceu com o propósito de disromper a indústria financeira, criando uma plataforma financeira global que permitisse aos utilizadores recuperar o controlo sobre o seu dinheiro, e onde pudessem fazer essa gestão diária. Mas enfrentamos uma indústria gigante, com grandes orçamentos – para desenvolvimento de negócio, processos internos, marketing, etc. Como uma startup pequena e, na altura, scrappy, não havia muito dinheiro. Tiveram de se focar em dois assets críticos: velocidade/agilidade e o empenho das pessoas que integravam a organização. A equipa inicial – e perfeita, neste sentido – do Nik e do Vlad eram as pessoas que acreditavam na missão, no propósito e no produto e que eram realmente apaixonados por ele.
Quem foram as primeiras contratações e porquê?
A Revolut foi criada em julho de 2015 e ainda temos muitos membros fundadores nas nossas equipas. Além do Nik e do Vlad – cofundadores, CEO e CTO respetivamente -, começámos desde logo com o Joshua Fernandes, que trabalhava em quality assurance, o Edward Cooper, que era head of mobile ou a Grace Stuart, só para nomear alguns. Ao longo dos anos, contribuíram para diferentes equipas e ocupam já cargos diferentes. O Joshua, por exemplo, é head of open banking, o Ed é head of crypto. Podemos dizer que contratámos bons profissionais que acreditaram no projeto e, quando assim é, podem assumir diferentes cargos na organização e ser bem-sucedidos em diferentes áreas.
Quais foram os maiores desafios das primeiras contratações?
Acredito que é comum a todas as empresas: o principal desafio de recrutamento no início de uma empresa prende-se com o facto de a maioria das pessoas ainda não a conhecerem e muitas não têm total confiança ou segurança de se vingará ou não. Felizmente, conseguimos montar uma equipa que tinha essa paixão e essa vontade de fazer acontecer.
Como lidaram com as dores de crescimento?
Nunca vimos a Revolut como um produto acabado. Quase cinco anos depois, ainda não vemos. Queremos evoluir, crescer, a partir das aprendizagens, sucessos e falhanços, adaptar-nos e exigir mais. A nossa atitude “never settle” permite-nos ultrapassar os desafios, focando sempre na solução e não nos problemas. Ainda nos vemos como uma startup – mesmo sendo uma das fintechs mais valiosas da Europa.
Desde 2015, crescemos de uma dezena para mais de 2.000 colaboradores em mais de 20 cidades. Por isso, parte das dores de crescimento que ainda sentimos é adaptar a nossa cultura à medida que nos estamos a expandir globalmente. É muito importante também garantir que, à medida que crescemos, criamos processos inteligentes que não nos atrasem ou limitem.
Quais são os pilares de cultura da Revolut?
Never settle, stronger together, think deeper, get it done.
Que desafios mudaram do primeiro ano para agora, em termos de contratações?
Nos primeiros anos o desafio é atrair pessoas e talento para uma empresa que ainda não teve tempo de criar um track record. Aí as pessoas integram a empresa baseando-se apenas na crença de que esta equipa fundadora tem o que é preciso para vencer.
É muito importante também garantir que, à medida que crescemos, criamos processos inteligentes que não nos atrasem ou limitem.
Hoje o desafio é muito diferente: à medida que contratamos globalmente, temos de garantir que mantemos os mesmos valores, para que diferentes escritórios não funcionem como microcosmos separados. Isso é o maior desafio, na minha opinião. Encontrar as pessoas ideais, mantendo esses valores globais.
Quais as maiores dificuldades na atração de talento?
Atrair talento na Europa é muito fácil. Em Portugal, por exemplo, tivemos recentemente uma vaga aberta e mais de 300 candidatos, muitos muito bons – e eu revi-os, um a um. É fácil, naturalmente, porque temos um produto popular e localizado. Mas precisamos de contratar para outros mercados onde ainda não somos conhecidos, e onde as pessoas estão menos familiarizadas com o produto e não conhecem o nosso propósito e missão na indústria financeira. Precisamos ainda de garantir que têm uma determinada experiência e skill set. T
emos algumas particularidades, dado que contratamos como uma empresa de tecnologia e como um entidade financeira, com toda a complexidade que ambas as indústrias requerem, nomeadamente do ponto de vista regulatório. Tendemos a procurar perfis mais técnicos, mas têm de ter outras características em comum: precisamos de pessoas que ponham ‘a mão na massa’, que façam perguntas mas aprendam rápido. Até mesmo quando contratamos equipas seniores/executivos, não contratamos pessoas que esperem que os processos lhes sejam entregues.
Toda a gente assume responsabilidade pelas suas tarefas e pelo que precisa de entregar.
Como trabalham a diversidade dentro das equipas?
Temos os mesmos desafios que outras empresas. Contratar talento feminino é um pouco difícil nestas indústrias. Mas temos investido substancialmente em montar equipas de diversidade e inclusão que se dedicam especialmente a estas temáticas. Somos uma empresa muito multicultural: só na sede em Londres temos mais de 80 nacionalidades e, no centro de inovação e suporte, em Matosinhos, estamos a contratar pessoas de qualquer nacionalidade, desde que proficiente em inglês.
"Hoje o desafio é muito diferente: à medida que contratamos globalmente, temos de garantir que mantemos os mesmos valores, para que diferentes escritórios não funcionem como microcosmos separados.
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Quais as vossas melhores práticas na construção de uma empresa equilibrada que trabalha remota, do mundo inteiro e em tecnologia?
É muito importante sermos fiéis aos processos de contratação estabelecidos, e garantir que estes estão bem apoiados nos valores da empresa. À medida que crescemos, e em múltiplas localizações, e temos o plano de construir o primeiro banco realmente global, é crítico que os mesmos procedimentos norteiem toda a empresa.
O que é que as pessoas procuram neste momento?
Propósito. As pessoas querem fazer parte de algo que mude vidas, que tenha um impacto no mundo, que esteja a contribuir para implementar uma mudança em diferentes ecossistemas. Para nós é isso mesmo: criar uma plataforma financeira global que permita às pessoas ter o controlo do seu dinheiro.
Como empresa tecnológica, como manter o foco nas pessoas?
Nós focamo-nos sempre nas pessoas – sejam colaboradores ou clientes. As pessoas são o nosso maior ativo, são quem nos permite servir melhor o cliente e são quem usa o nosso produto. Externamente, trabalhamos para oferecer o melhor produto e serviço que conseguimos. Internamente, trabalhamos para garantir que os colaboradores se sentem relevantes e confortáveis no seu ambiente de trabalho.
Colaboradores felizes fazem melhores produtos, que fazem os clientes felizes.
Entre muitas outras medidas, temos programas de Formação, temos perks – pequeno-almoço, Thirsty Thursdays e outras celebrações, oferecemos jantar aos colaboradores que trabalham após uma determinada hora, temos uma reunião global semanal para alinhar objetivos e partilhar novidades da empresa, fazemos o que podemos para manter os colaboradores felizes. Porque colaboradores felizes fazem melhores produtos, que fazem os clientes felizes.
Gostamos de alimentar essa cadeia de felicidade. Além de tudo isto, é muito interessante perceber que muitos dos nossos produtos e inovações advêm de pedidos ou recomendações dos nossos próprios colaboradores. As ideias ganham vida de forma muito visível na Revolut.
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Ricardo Macieira, da Revolut: “Precisamos de pessoas que façam perguntas mas aprendam rápido”
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