Fed mantém juros e compra de ativos. Mas Powell alerta que a “economia vai precisar de mais apoio”

Sem surpresa, não houve alterações nos instrumentos em vigor nos Estados Unidos. O presidente da Fed defendeu que o que está a ser feito é apropriado e considera que há espaço ajustamentos.

A Reserva Federal (Fed) norte-americana manteve tanto as taxas de juro como os programas de estímulos à economia inalterados na reunião de política monetária desta terça e quarta-feira. O banco central liderado por Jerome Powell garantiu que vai usar todos os instrumentos para apoiar a economia.

A Reserva Federal está empenhada em usar todo o conjunto de instrumentos para apoiar a economia norte-americana neste momento desafiante e, assim, promover os objetivos de máximo emprego e estabilidade dos preços”, pode ler-se no comunicado emitido após o encontro.

Após a reunião, o presidente da Fed, Jerome Powell, explicava que ainda há uma série de dimensões a que o banco central pode recorrer, lembrando que as políticas de crédito não têm limite máximo estabelecido. “Podem ser expandidas e podemos criar medidas novas”, afirmou, sublinhando que “a economia vai precisar de mais apoio de todos nós [Fed e Congresso]” para que a recuperação seja robusta.

A reunião termina no dia em que foram divulgados novos dados da economia norte-americana. A crescer há mais de dez anos, a expansão acabou no primeiro trimestre de 2020 e o PIB contraiu 4,8% por causa da pandemia.

“O surto de coronavírus está a causar um sofrimento tremendo a nível humano e económico tanto nos EUA como por todo o mundo”, sublinhou a Fed. “O vírus e as medidas adotadas para proteger a saúde pública estão a causar profundas quedas na atividade económica e um aumento no desemprego”.

Juros próximos de zero são para ficar. Não há pressa em retirar estímulos

A par do vírus, o tombo nos preços do petróleo — que chegou em Nova Iorque a negociar, na semana passada, em valores negativos — está a penalizar a inflação. Neste cenário, “o comité espera manter o intervalo de juros até ter confiança que a economia ultrapassou os eventos recentes e caminha para atingir máximo emprego e estabilidade de preços”.

O intervalo das taxas de juro da Fed mantém-se assim entre 0% e 0,25%, nível em que está após dois cortes inesperados motivados pela crise pandémica. Após o anúncio da decisão, que foi tomada por unanimidade pelos membros do comité de potítica monetária da Fed, Wall Street aprofundou os ganhos, com os três principais índices a valorizarem entre 2,5% e 3,5%.

“Quem está à espera de rendimentos das contas bancárias, não beneficia das baixas taxas de juro, mas temos de olhar de forma mais alargada para a eocnomia. Os juros baixos apoiam o emprego e a atividade económica”, defendeu Powell. “Os baixos juros são bonds. Podem não ser bons para toda a gente, mas isso não nos vai impedir de fazer o que achamos que é positivo para todos”.

Em simultâneo, o banco central tem em curso nove programas de emergência, incluindo compra de dívida pública e privada sem limites máximos, com a novidade de abranger papel comercial e obrigações com rating especulativo. O banqueiro central explicou que estas medidas estão já a ter efeitos nos mercados de crédito, tendo levado até a Fed a desacelerar a compra de ativos, em linha com o ajustamento possível.

Não vamos ter pressa em retirar ou reduzir nenhuma das medidas. Vamos esperar até estarmos suficientemente confiantes que a economia está no caminho da recuperação“, sublinhou. “Temos pensado muito sobre como será a política monetária nos próximos meses e irá depender dos potenciais cenários económicos. Pensamos nisso todos os dias. Mas neste momento, por agora, o que estamos a fazer é apropriado”.

(Notícia atualizada às 20h30)

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