Associação Mutualista Montepio contrata Paulo Pedroso
Paulo Pedroso foi contratado em abril pela Associação Mutualista para realizar estudos na área do mutualismo e da economia social. Há quem destaque aumento da influência do PS na instituição.
A Associação Mutualista Montepio Geral (AMMG) contratou Paulo Pedroso. O antigo dirigente do PS iniciou a sua colaboração em abril com o objetivo de realizar estudos na área do mutualismo e da economia social para a instituição. A contratação do antigo ministro do Trabalho de António Guterres para assessor da administração da mutualista vem acentuar a influência socialista numa altura de maior aperto na AMMG.
Paulo Pedroso é um especialista em matéria de mutualismo e do chamado terceiro setor da economia. Foi esse conhecimento que levou a AMMG a escolher o seu nome para a elaboração de “estudos concretos de âmbito mutualista e de economia social que a Associação Mutualista pretende realizar, tendo presente o novo enquadramento” em que se vive, frisou fonte oficial da instituição liderada por Virgílio Lima quando questionada pelo ECO sobre esta contratação.
Mas dentro da instituição há quem associe a colaboração com o antigo dirigente do PS — anunciou a saída do partido em janeiro — ao acentuar da influência socialista na mutualista. É fácil de perceber os pontos de ligação entre Paulo Pedroso e o PS: o antigo ministro do Governo de António Guterres é marido de Ana Catarina Mendes, presidente do grupo parlamentar socialista e um dos nomes mais próximos do primeiro-ministro António Costa. Há vários socialistas entre os dirigentes da AMMG, desde Maria de Belém a Luís Patrão.
A associação mutualista, com mais de 600 mil associados, rejeita que a experiência política e rede de contactos de Paulo Pedroso tenham influenciado na sua contratação. “A escolha resulta, estritamente, da identificação de competências em sociologia do trabalho e no domínio da economia social”, adiantou a AMMG.
Refere também que “a colaboração não visa quaisquer outros objetivos” que não a elaboração de estudos. “A manutenção da relação verificar-se-á até à conclusão dos estudos em causa”, disse ainda.
Contactado pelo ECO, Paulo Pedroso confirmou que está a colaborar com a AMMG, mas não fez mais nenhum comentário.
Não é novo o interesse do Montepio em Paulo Pedroso. Em dezembro, o nome do antigo ministro de António Guterres havia sido proposto por Tomás Correia (antigo presidente da AMMG) para administrador não executivo do Banco Montepio. No entanto, acabou por rejeitar o convite com Paulo Pedroso a manifestar indisponibilidade para o cargo.
Quatro meses depois foi contratado pela dona do banco, a AMMG, numa altura em que atravessa um momento sensível do ponto de vista financeiro. As dificuldades vêm de trás, do tempo de Tomás Correia: a instituição apresenta uma situação patrimonial delicada, insuflada por mais de 800 milhões de euros em ativos por impostos diferidos. Agora, prepara-se para um rombo na avaliação atribuída ao seu principal ativo, o Banco Montepio.
O ECO avançou no mês passado que a auditora PwC e o conselho de administração da AMMG tinham chegado a um entendimento no sentido de valorizar o banco de acordo com os capitais próprios, o que iria implicar uma imparidade de 400 milhões.
As contas publicadas na semana passada pelo Banco Montepio confirmaram esse valor: a instituição liderada por Pedro Leitão fechou 2019 com capitais próprios atribuíveis ao acionista na ordem dos 1.450 milhões de euros, cerca de 400 milhões abaixo da avaliação de 1.870 milhões atribuída pela mutualista nas contas de 2018.
Ainda assim, apesar deste corte, a AMMG assegurou ao ECO que manterá uma situação patrimonial positiva nas contas do ano passado, tanto em termos individuais como em base consolidada.
A AMMG ainda não apresentou as contas de 2019. Vão ser apresentadas até final de junho, depois de apresentadas ao conselho geral e submetidas para aprovação na assembleia geral de associados a realizar até lá, se a evolução da pandemia assim o permitir.
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