Estado insistiu com a Comissão Europeia “muito além do normal” para evitar reestruturação da TAP

O chairman da TAP diz que o Estado insistiu bastante com a Comissão Europeia para que fosse evitado o plano de reestruturação.

O presidente do conselho de administração da TAP diz que o Estado defendeu os interesses da companhia aérea nacional “até ao último minuto”, tentando sempre evitar a necessidade de ser feito um plano de reestruturação. Contudo, reconhece que o facto de a Comissão Europeia ter classificado a TAP como uma empresa em dificuldades “não é surpreendente”, tendo em conta os resultados até ao momento.

“Houve muitas reuniões e foram feitas várias tentativas de se evitar o caminho da restruturação. Foi-se muito além do que é normal na insistência com a Comissão Europeia”, disse Miguel Frasquilho esta quarta-feira, durante uma audição na Comissão de Economia, Inovação, Obras Públicas e Habitação, sublinhando que “nas interações com a Comissão Europeia houve enorme empenho e trabalho por parte do grupo de trabalho e do Estado para que a TAP não fosse classificada desta forma [em dificuldades]“.

O chairman da companhia aérea referiu ainda que “foi todo o historial [da TAP] que levou a Comissão Europeia a classificar a TAP como um grupo em dificuldades”, e que, embora a Comissão Europeia “olhe de uma forma para os grande países e de outra forma para os outros”, essa classificação foi normal. “Olhando friamente para os números da TAP, diria que a análise que a Comissão Europeia fez não me surpreende. Se olharmos para o balanço da TAP, não é surpreendente que tenha sido considerada em dificuldades”, notou.

Na mesma audição, Miguel Frasquilho reiterou a ideia de que “o Estado defendeu os interesses da TAP desde o primeiro até ao último minuto”. “Defendemos todos os dias os interesses da TAP, do Estado como acionista e do país. Temos a consciência de que defender os interesses da TAP e do Estado é defender os interesses de Portugal”.

O chairman disse ter noção de que o futuro não trará tempos fáceis para a companhia aérea e que a administração “não espera facilidades” quando chegar a altura de enfrentar a Comissão Europeia. “Sabemos que temos um processo que não será fácil pela frente”, disse Frasquilho, adiantando que o processo de restruturação “vai começar a ser trabalhado mal comece a entrar a injeção de dinheiro público”.

Quando a Comissão Europeia aprovou a injeção de até 1.200 milhões de euros do Estado na TAP, foram impostas duas condições: esse empréstimo teria de ser pago em seis mesesalgo que o presidente da comissão executiva já disse não ser possível — ou, na impossibilidade de cumprir esse prazo, a companhia teria de apresentar um plano de restruturação.

Vai haver um “redimensionamento”. Mas “não implica necessariamente” despedimentos

O presidente da comissão executiva da TAP, Antonoaldo Neves, já tinha adiantado esta terça-feira que a companhia aérea iria renovar o lay-off em julho, uma informação que foi confirmada esta quarta-feira por Miguel Frasquilho. “O processo de lay-off irá continuar em julho e depois terá de ser avaliado consoante a retoma da atividade for acontecendo”, disse o chairman.

Isto porque, disse Frasquilho, proteger os trabalhadores é uma das prioridades da empresa que serão tidas em conta no futuro e, consequentemente, no plano de restruturação. “Hoje temos muitíssimos colaboradores (cerca de 80%) em casa que sofreram um forte corte de remunerações. A nossa intenção para preparar o futuro é salvaguardar o mais possível os postos de trabalho e minimizar os impactos sociais e os sacrifícios que todos sabemos que têm de acontecer”, disse o representante do Estado na TAP.

“Ficou claro em ambas as partes — administração da TAP e sindicatos — uma vontade muito grande de trabalharmos em conjunto, em prol do futuro, da minimização do impacto social e da minimização dos sacrifícios que sabemos que existem e vão existir”, acrescentou Miguel Frasquilho.

O chairman da TAP disse ainda que “não há nenhuma intenção de ficar com uma TAPzinha” e que não só a TAP, mas “todas as companhias vão passar por um processo de encolhimento temporário”. “Vai haver certamente um redimensionamento. Mas não apenas à TAP”, disse, garantindo que “este redimensionamento, apesar de implicar sacrifícios, não implica necessariamente o despedimento de trabalhadores”.

(Notícia atualizada às 13h36 com mais informação)

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