Vila Galé perdeu 30 milhões com a pandemia. “Nunca tivemos taxas de ocupação tão baixas”
Com quase todos os hotéis abertos, o Grupo Vila Galé diz que é o momento de o Governo avançar com "medidas setoriais". O verão de 2021 não será como os anteriores e é fundamental repor a confiança.
A hotelaria é um dos setores que está a ser mais afetado pela pandemia. E prova disso é o Grupo Vila Galé, que aderiu ao lay-off, colocou cerca de 80% dos trabalhadores em teletrabalho, e encerrou quase todos os hotéis que tem no país. Hoje, com quase todas as unidades abertas, as taxas de ocupação são bastante baixas, principalmente nos centros urbanos. Em entrevista ao ECO, para a rubrica “Dar a Volta ao Turismo“, Gonçalo Rebelo de Almeida recorda aquela que foi “a maior surpresa” em quase 25 anos de experiência no setor e revela a esperança que ainda tem em ver Portugal incluído nos corredores aéreos do Reino Unido.
“Foi a maior surpresa que tive em toda a minha atividade profissional”, diz o administrador do Grupo Vila Galé. O setor estava num “período de grande atividade” e, por volta de março, com o aparecimento dos primeiros casos, “a procura parou e todas as reservas para abril e maio foram canceladas”.
As perdas já foram calculadas: mais de 30 milhões de euros a menos em receitas. O lay-off foi “uma ajuda fundamental”, assim como o apoio do Governo, que foi “suficiente, rápido e ágil”. Contudo, Gonçalo Rebelo de Almeida nota que agora é o momento de criar “medidas específicas para determinados setores”, como é o caso do turismo, que acabou por ser fortemente penalizado.
Isto porque, já de portas reabertas (24 de 27 hotéis no país estão abertos), as taxas de ocupação “continuam baixas” e as quebras continuam a ser superiores a 60%, “o que é insuficiente”, diz o administrador da cadeia hoteleira. Neste momento, apesar de todas as restrições de viagem impostas por muitos países, os mercados que estão a reagir são o francês, o holandês e o espanhol.
Os portugueses estão a marcar férias e a ir para hotéis, sim, mas não são suficientes. “Devemos estar a falar de receber 5% dos turistas que recebíamos”, nota. E, criticando os critérios do Governo britânico para a definição da lista dos corredores aéreos, Gonçalo Rebelo de Almeida ainda tem esperança que a situação possa ser revertida.
“A procura parou” e o lay-off foi “fundamental”
A pandemia apanhou de surpresa o Grupo Vila Galé, que teve de se adaptar, assim como todas as empresas. Os hotéis foram encerrados, deixando abertos apenas alguns para acolher profissionais de saúde, e as reservas dos meses seguintes foram todas canceladas. Com as receitas a caírem, a cadeia hoteleira aderiu ao lay-off, a pensar sobretudo nos trabalhadores. “Não despedimos nenhum colaborador. Essa foi a razão principal de adesão ao lay-off”, diz Gonçalo Rebelo de Almeida, em entrevista ao ECO.
Os critérios duvidosos do Reino Unido
Os portugueses estão a marcar férias, incluindo nos hotéis, mas não são suficientes para fazer o setor atingir os níveis dos demais anos. Os hotéis Vila Galé estão a receber apenas cerca de 5% dos turistas, principalmente vindos de França, Holanda e Espanha. Mas os turistas britânicos fazem falta, reconhece o administrador, lamentando os critérios de exclusão definidos pelo Reino Unido nos corredores aéreos. “Não me parece que seja o melhor critério”, diz, defendendo que “outra alternativa seria olhar para as zonas do país”, em vez de olhar para Portugal como um todo. Mas Gonçalo Rebelo de Almeida ainda tem esperança de que a situação venha a ser revertida, porque “a esperança é a última a morrer”.
Dificilmente o próximo verão será igual a 2017 ou 2019
Saudando as medidas de apoio do Governo, que foram “suficientes, rápidas e ágeis”, o administrador do Vila Galé nota que agora é altura de avançar com “medidas setoriais”, justificando que houve setores “mais impactados” do que outros, como é o caso do turismo. Daqui para a frente, Gonçalo Rebelo de Almeida não tem dúvidas de que “vai ser um ano trágico”, mas diz que o setor não vai baixar os braços. “Há que ajudar o país a retomar confiança”, diz, salientando que a confiança é fundamental nesta altura.
O ECO arrancou em julho com uma rubrica nova chamada “Dar a Volta ao Turismo“, em que entrevista empresários e governantes do setor para perceber os impactos que a pandemia trouxe para o turismo e de que maneira se poderá dar a volta por cima.
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