483 dias depois, vem aí a auditoria polémica ao Novo Banco

Governo, partidos, Fundo de Resolução e banco... todos estão à espera deste relatório final. Depois de chegar ao Parlamento, deverá haver comissão de inquérito.

À terceira é de vez? A Deloitte tem até esta segunda-feira para entregar o relatório da auditoria ao Novo Banco/BES, depois de ter falhado os dois primeiros prazos em maio e julho.

Ao que tudo indica, desta vez não haverá mais atrasos, o que quer dizer que a auditoria (que promete reacender a polémica em torno da instituição financeira) será entregue 483 dias depois de o Governo ter emprestado 850 milhões de euros ao Fundo de Resolução para injetar no Novo Banco, em 2019. Isto apesar de os trabalhos da Deloitte terem começado apenas no final do ano passado, com quatro dezenas de auditores (mais a ajuda dos funcionários do banco) a passarem a pente fino grandes créditos tóxicos, operações de imobiliário e outros títulos e outros negócios feitos por subsidiárias da instituição que geraram perdas avultadas entre 2000 e 2018 (desde a gestão de Ricardo Salgo até à de António Ramalho.

É a chamada lei dos grandes devedores (Lei 15/2019) que determina a realização de uma auditoria especial ao banco que receber apoios públicos, como aconteceu com o Novo Banco no ano passado. Aliás, por causa da injeção deste ano, já há outra auditoria em curso.

Governo, partidos, Fundo de Resolução e banco… estão todos à espera deste relatório final. Esta sexta-feira o Jornal Económico adiantava que a auditoria irá apontar a origem dos problemas do Novo Banco ao período pré-resolução, isto é, antes de 2014 e quando o banco era gerido por Ricardo Salgado.

Porém, as atenções vão estar viradas para aquilo que tem sido a gestão de António Ramalho nos últimos anos, designadamente em relação às vendas de ativos imobiliários com perdas avultadas para o banco, e que têm colocado a instituição na mira política e do Ministério Público.

Face a todas as dúvidas, o Ministério das Finanças determinou que o Novo Banco parasse imediatamente com a venda de ativos tóxicos, operações que nos últimos anos já obrigou o Fundo de Resolução a injetar 3.000 milhões de euros na instituição.

Assim que a auditoria chegar ao Governo, este reencaminhará o documento diretamente para o Parlamento. Ainda a tempo das audições parlamentares a António Ramalho e a Máximo dos Santos (presidente do Fundo de Resolução), que vão ter lugar a 15 e 16 de setembro. Mas também já se perspetiva uma comissão de inquérito.

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