Moody’s vai manter rating mas deixará avisos sobre Novo Banco
A Moody's revê esta sexta-feira a notação da dívida portuguesa. Não se esperam mudanças no perfil de risco de Portugal, mas não vão faltar avisos sobre uma eventual nacionalização do Novo Banco.
Portugal deverá continuar no caixote do lixo para a Moody’s. A agência de notação financeira revê esta sexta-feira o rating do país e atual notação de “Ba1”, que situa a dívida portuguesa num grau de investimento considerado especulativo, não deverá sofrer alterações. Ainda assim, os analistas daquela agência norte-americanas não deverão deixar passar em claro o caso da nacionalização (ou não) do Novo Banco. O que irá dizer? A resposta surgirá após o fecho dos mercados.
A opinião da Moody’s não é tão relevante para Portugal como a da DBRS. A agência, que atribui um rating não solicitado a Portugal, mantém o país em “lixo”, pelo que é a agência canadiana que mantém as obrigações nacionais qualificadas para o programa de compra de dívida do Banco Central Europeu (BCE). Ainda assim, aquilo que a Moody’s dirá sobre Portugal não deixará de interessar aos mercados.
“Continua a ser importante porque muitos investidores tem como referência as três maiores agências de rating para aplicarem os seus fundos”, diz Pedro Lino, CEO da DifBroker. “Ou seja, se esta agência subisse o rating de Portugal, assistiríamos a um fluxo de capitais para as obrigações portuguesas o que ditaria automaticamente uma diminuição das taxas de juro pagas nas emissões de dívida”, acrescentou.
Na última avaliação a Portugal, emitida a 15 de dezembro, a agência deixou bem claro o que a preocupa. Os maiores desafios de crédito que Portugal enfrenta são:
- O elevado fardo da dívida do governo.
- As perspetivas de crescimento moderadas num cenário de elevado endividamento do setor privado
- Fraqueza do setor financeiro.
Para Lino, estes temas deverão voltar a merecer a atenção dos analistas. Em especial, a banca, com o Novo Banco em grande destaque. “Os principais alertas devem ter a ver com o crescimento, dívida, eventual nacionalização do Novo Banco ou aumento das responsabilidades do Estado”, frisa o gestor.
"Os maiores desafios de crédito que Portugal enfrenta são 1) o elevado fardo da dívida do governo, 2) as perspetivas de crescimento moderadas num cenário de elevado endividamento do setor privado; e 3) fraqueza do setor financeiro.”
A propósito do banco de resolução, a Moody’s sublinhava em dezembro que o processo de venda da instituição constituía “um risco adicional, embora mais indireto e de longo prazo, para o governo português“. “Embora a recapitalização do Novo Banco pelo Estado (através de um empréstimo para o Fundo de Resolução) já tenha sido totalmente refletida no balanço orçamental e nos níveis de endividamento do governo em 2014, qualquer insuficiência da venda do Fundo de Resolução teria que ser suportada pelos demais bancos, tornando mais difícil seu retorno aos lucros”, comentava na altura.
O processo de venda do Novo Banco já conheceu, entretanto, novos capítulos. Os chineses da Minsheng Financial, que apresentavam a proposta mais atrativa, ficaram para trás com a falta de garantias. E entre a Apollo e o Lone Star, com o Banco de Portugal a indicar o último como a “entidade mais bem colocada para finalizar” a transação, a perspetiva de um baixo encaixe com a operação deixou o país a discutir se a melhor solução não seria mesmo a nacionalização do Novo Banco.
Na opinião da DBRS, a inclusão do banco de transição na esfera pública poderá contaminar o já de si baixo perfil de crédito de Portugal. O mesmo é dizer que a nacionalização do Novo Banco poderá fazer baixar o rating que aquela agência canadiana dá a Portugal, o que deixaria o país de fora do alcance do BCE.
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