Mortágua: É “inacreditável” a dúvida sobre o balanço do Novo Banco
A deputada do BE antevê uma nova crise financeira em breve e, por isso, defende que o Estado tem de controlar a banca dada as "areias movediças em que caminhamos".
Mariana Mortágua criticou o facto de ainda persistirem dúvidas em relação ao balanço financeiro do Novo Banco, culpando o Banco de Portugal pela falta de responsabilidade. Qualquer decisão política sobre a resolução do ex-BES, argumenta, precisa de contas credíveis. Em entrevista ao Jornal Económico, esta sexta-feira, a deputada do BE continua a defender a nacionalização permanente.
“Acho inacreditável que ainda tenhamos que ter dúvidas sobre o que está no balanço do Novo Banco”, afirmou a bloquista. “O banco está em mãos públicas há dois anos. O Banco de Portugal tem aqui enormes responsabilidades e era importante que as assumisse, porque qualquer decisão política e qualquer debate que se queira informado tem de acreditar nas contas que tem à frente”, argumenta.
“A banca torna-se ainda mais relevante quando percebemos as areias movediças em que caminhamos: instabilidade na dívida pública e nos mercados financeiros. Ninguém nos livra de uma nova crise financeira a médio prazo ou a curto prazo. Ninguém sabe quando virá, mas ela virá”, antevê a economista.
Em causa está a resolução do Novo Banco. O Bloco de Esquerda defende que a nacionalização seja permanente, mas as restantes figuras do bloco central que estão, neste momento, a apoiar uma nacionalização querem que esta seja temporária. “Encontramo-nos num estranho momento político em que temos uma convergência em torno da ideia de nacionalização. (…) O programa defendido por essas personalidades [Galamba, Ferreira Leite, Vítor Bento] e aquilo que o Bloco de Esquerda tem defendido são programas muito diferentes”, esclarece.
"Ninguém nos livra de uma nova crise financeira a médio prazo ou a curto prazo.”
Torna-se, assim, também difícil um acordo entre os que defendem a nacionalização, nomeadamente o Partido Socialista e o BE e PCP. “A posição de nacionalização temporária aparece a partir do momento em que o plano de vender o Novo Banco a um fundo de ‘private equity’ é demasiado mau até para a direita aceitar“, afirmou Mortágua.
Contudo, a bloquista reconhece que se a nacionalização for para a frente e houver mais malparado no balanço os contribuintes vão pagar. “Se temos de pagar, que seja para ficar com o Novo Banco”, defende, referindo que o mesmo acontecia no caso de haver garantia estatal, o que é pedido pelo candidato que está à frente nas negociações, a Lone Star, mas que o Governo já disse que não daria.
"Se temos de pagar, que seja para ficar com o Novo Banco.”
Quanto ao porquê de recusar a nacionalização temporária, Mortágua argumenta não só com a possível venda num futuro próximo a “outro fundo abutre”, mas também com a nacionalidade do banco. O objetivo seria também evitar que maioria da banda portuguesa estivesse em mãos estrangeiras. “O problema é que a única forma de conseguir que a banca seja bem gerida é fazer com que seja do Estado”, defende.
Editado por Mariana de Araújo Barbosa (mariana.barbosa@eco.pt)
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