Portugal mantém investimento de 11 milhões no Web Summit online

Contrato entre instituições parceiras inclui uma cláusula de rescisão de 340 milhões de euros por cada ano em que o evento não se realize na capital. Versão online do evento não alterou contrato.

O contrato que prevê o pagamento de 11 milhões de euros anuais à Connected Intelligent Limited — empresa dona do Web Summit — pela realização do evento em Portugal vai manter-se, mesmo com a alteração dos moldes da maior conferência de empreendedorismo e tecnologia do mundo que vai realizar-se, pela primeira vez na sua história, em formato 100% remoto.

Segundo apurou o ECO, o contrato entre as três partes — Web Summit, câmara de Lisboa e Governo português — mantêm-se este ano “como estão” e sem lugar a qualquer indemnização ou adenda ao contrato, apesar de o formato do evento ter sido alterado devido à situação pandémica. Contactados pelo ECO, nenhum dos três parceiros — câmara de Lisboa, Governo e Web Summit — comentou a manutenção do acordo até à publicação desta notícia.

O contrato assinado em 2018 pelo Governo português, pela Câmara Municipal de Lisboa e pela irlandesa Connected Intelligent Limited prevê o pagamento de 11 milhões de euros por ano à empresa que organiza o evento e inclui uma cláusula de rescisão de 340 milhões de euros por cada ano em que o evento se realize fora da capital. A 3 de outubro de 2018, o Governo anunciava que Portugal ia pagar 11 milhões de euros por ano ao Web Summit para manter o evento em Portugal até 2028. O valor do investimento, repartido entre o Fundo de Desenvolvimento Turístico lisboeta e o Ministério da Economia, foi anunciado pelo presidente da Câmara de Lisboa, Fernando Medina.

Além dos 11 milhões de investimento anual, a autarquia lisboeta anunciava nessa altura que planeava investir no complexo da FIL, primeiro de “forma temporária e depois definitiva”. A ideia era que o espaço de exposição da FIL ficasse com o dobro da capacidade expositora e, terá sido também por isso que a organização terá decidido por Portugal, em detrimento de cidades como Madrid, Valência e Londres que, nessa altura, também se candidataram a ficar com o evento.

O Web Summit anunciou esta quinta-feira que o evento deste ano, que decorre de 2 a 4 de dezembro, será exclusivamente online. A decisão de optar por uma edição em formato 100% remoto decorre da situação pandémica, explicou Paddy Cosgrave, CEO do evento.

“Lisboa continua a ser a casa da Web Summit, mas com o crescimento de infeções e surtos de Covid-19 na Europa, temos de pensar no que é melhor para os portugueses e para os nossos participantes”, diz Paddy Cosgrave, em comunicado. “A forma mais segura e mais razoável de repetir o Web Summit é fazê-lo totalmente online em 2020”, acrescenta neste comunicado, dias depois de ter revelado através do Twitter que estava a ser analisada esta possibilidade e de a empresa direcionar toda a comunicação das últimas semanas para o acompanhamento do evento, que atraiu para Lisboa mais de 70 mil pessoas na edição do ano passado, para o formato remoto.

Os números da continuidade do Web Summit em Lisboa.Infografia: Lídia Leão

O Web Summit, maior evento de tecnologia e empreendedorismo criado em Dublin e que se mudou para Lisboa em 2015, fica na cidade até 2028.

Com um impacto estimado pelo Governo do Web Summit na economia do país de 300 milhões de euros, anualmente, o evento tornou-se, desde o primeiro ano, uma montra de Portugal no mundo. Lisboa também deu um forte impulso aos resultados da Web Summit. Depois da passagem de Dublin para a capital portuguesa ter levado os lucros a dispararem 16 vezes, no segundo ano o evento revelou-se ainda mais rentável. A empresa de Paddy Cosgrave ganhou 3,1 milhões de euros em 2017, de acordo com dados obtidos pelo ECO. De um lucro 128 mil euros em 2015, a empresa irlandesa que organiza o evento de empreendedorismo, a Manders Terrace Limited, passou para um resultado líquido de 2,05 milhões na estreia do Web Summit em Lisboa. E cresceram mais 51% em 2017, beneficiando do aumento das receitas que se aproximaram dos 29 milhões de euros (26 milhões em 2016). A puxar pelo volume de negócio esteve o aumento do número de visitantes no segundo de três anos que, inicialmente, a Web Summit iria realizar-se em Portugal. No âmbito desse acordo, a empresa de Paddy Cosgrave recebeu também uma comissão que ajudou a puxar pelas receitas, impulsionando os lucros num ano em que os gastos também cresceram de nove para 12 milhões.

Para ajudar a organizar e avaliar o Web Summit, o Governo anunciou, a 15 de outubro do ano passado, a criação do “Grupo de trabalho Web Summit Portugal 2019-2028”, que integrará membros de vários ministérios e entidades públicas como o Turismo de Portugal, a Aicep e a Startup Portugal.

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