OE tem 9,2 milhões de euros para combater Covid-19 nos tribunais
O Programa Orçamental atribui um total de 1.495,3 milhões de euros de despesa total consolidada à Justiça. 44 milhões são para novas prisões e novos tribunais. Prevenção da corrupção é prioridade.
O Orçamento do Estado para 2021 prevê que, só para o combate à Covid-19, a Justiça tenha direito a 9,2 milhões de euros. Prevenir a corrupção, tornar a Justiça mais digital, agilizar a modernização das secretarias dos tribunais, eliminar as citações em papel, melhorar as estatísticas da Justiça no sentido de mais rapidez e melhor compreensão, facilitar o acordo entre a vítima de um crime e arguido, agilizar processos com recurso à suspensão provisória, mais Simplex e uma melhor “robustez tecnológica” são algumas das medidas anunciadas no documento entregue esta segunda-feira aos deputados.
Na parcela das despesas de Investimento, que totalizam 76,9 milhões de euros, 44,1 milhões de euros serão para financiamento de obras e construção em edifícios do Ministério da Justiça, entre os quais tribunais, Prisão do Montijo e instalações da Polícia Judiciária. Já que, para este ano, fica assim previsto o encerramento dos estabelecimentos prisionais de Lisboa e Setúbal e a construção da prisão do Montijo.
O Governo tomará “as medidas necessárias para a execução do plano que visa o encerramento gradual dos estabelecimentos prisionais de Lisboa e de Setúbal, e dá continuidade aos trabalhos relacionados com a construção de um novo estabelecimento prisional no concelho do Montijo”, pode ler-se no documento.
Do total da despesa efetiva consolidada, de 1.495,3 milhões de euros, verifica-se que apresenta maior peso as despesas com pessoal, que representam 76,8% da despesa total consolidada com 979,2 milhões de euros.
Para financiar a despesa consolidada, 41,4% são representados pela componente de receita de impostos afeta ao Programa (618,8 milhões de euros), sendo o restante financiamento proveniente de receitas próprias (576,1 milhões de euros), de transferências no âmbito da Administração Pública (262,7 milhões de euros) e de Fundos Europeus (37,7 milhões de euros).
Estas são as medidas previstas na proposta de lei para a área da justiça:
- Combater a corrupção, contribuindo para a saúde da democracia;
- Prosseguir a informatização e desmaterialização dos processos judiciais, em continuidade
da iniciativa Tribunal+; - Modernizar o modelo de organização das secretarias judiciais, numa lógica de prossecução
da iniciativa Tribunal+; - Continuar a melhorar o tempo de resposta em matéria de perícias forenses e demais
serviços no âmbito da medicina legal; - Assegurar a citação eletrónica de todas as entidades administrativas e a progressiva citação
eletrónica das pessoas coletivas, eliminando a citação em papel; - Fomentar a introdução nos processos cíveis de soluções de comprovação de factos por
peritos ou técnicos, por forma a evitar o recurso excessivo à prova testemunhal; - Permitir e incentivar a composição por acordo entre a vítima e o arguido, nos casos em que
não existe outro interesse público relevante; - Permitir a suspensão provisória do processo para um número mais alargado de crimes,
desde que todas as partes estejam de acordo; - Melhorar os indicadores de gestão do sistema de justiça, de modo a ter informação de
gestão de qualidade disponível para os gestores do sistema, e desenvolver mecanismos de
alerta precoce para situações de congestionamento dos tribunais; - Melhorar a qualidade do atendimento dos cidadãos, nomeadamente através de
atendimento rápido, cordato e que resolva efetivamente os problemas, e de balcões
presenciais, telefónicos ou online mais acessíveis; - Melhorar a formação inicial e a formação contínua dos magistrados, com especial enfoque
na matéria da violência doméstica, dos direitos fundamentais, do direito europeu, da gestão
processual e da qualidade da Justiça; - Continuar a execução do programa de requalificação do sistema de reinserção social,
prisional e tutelar educativo e reforçar os mecanismos de articulação com o Ministério da
Saúde no sentido de se melhorar o nível de prestação dos cuidados de saúde nos
estabelecimentos prisionais e nos centros educativos, nomeadamente ao nível da saúde
mental; - Prosseguir a implementação das medidas do plano de ação «Justiça + Próxima 2020-2023»;
- Desenvolver as medidas do Programa Simplex 2020/2021 da responsabilidade do Ministério
da Justiça; - Dotar o Fundo para a Modernização da Justiça (FMJ) de recursos que permitam assegurar a
sustentabilidade de reformas essenciais e mecanismos de promoção da modernização dos
sistemas de informação da justiça; - Implementar e prototipar novos serviços, através do Hub Justiça, em articulação com outras
entidades e serviços, promovendo a aprendizagem e a capacitação em novas metodologias
que promovam a inovação na justiça; - Assegurar o robustecimento tecnológico com vista ao reforço da qualidade e da celeridade
do serviço prestado nos registos, quer nos serviços presenciais quer nos serviços
desmaterializados, apostando na simplificação de procedimentos, em balcões únicos e
serviços online; - Implementar um sistema integrado de atendimento nos registos, promovendo a melhoria
do acesso, qualidade e eficiência do atendimento, no contexto presencial, telefónico e
online; - Prosseguir a renovação dos diversos sistemas de informação de suporte aos registos,
articulando-os com novos desafios, nomeadamente o relativo ao registo predial com o novo
regime simplificado de propriedade rústica (BUPi — Balcão Único do Prédio), garantindo a
sua atualização, maiores níveis de segurança e qualidade de dados; - Promover o redesenho da oferta dos serviços online dos registos, tornando-os mais
acessíveis, compreensíveis e fáceis de utilizar, integrados e potenciados pela Plataforma de
Serviços Digitais da Justiça; - Prosseguir a renovação dos equipamentos tecnológicos de suporte à atividade registal nas
conservatórias, nomeadamente no que se reporta ao cartão de cidadão e passaporte; - Promover projetos e iniciativas de inovação associados, nomeadamente, ao cartão de
cidadão e a mecanismos seguros de identidade eletrónica; - Desenvolver medidas de requalificação de infraestruturas físicas e tecnológicas constantes
do Plano Estratégico Plurianual de Requalificação das Conservatórias, a concretizar através
da Lei de Programação dos Investimentos em Infraestruturas e Equipamentos da Justiça; - Reforçar parcerias com outras entidades públicas, nomeadamente ao nível local, de forma
a promover conjuntamente a requalificação e modernização das conservatórias existentes
no País; - Reforçar os recursos humanos nas áreas de especialização tecnológica, assim como nos
registos; - Criar condições para a melhoria da capacidade tecnológica instalada dos serviços de
alojamento de infraestruturas e aplicações, bem como a disponibilização de facilidades de
colaboração e partilha, incluindo a gestão de redes e postos de trabalho, suporte técnico e
monitorização da qualidade do serviço prestado; - Consolidar o Sistema de Recuperação e Gestão de Ativos (RGA), enquanto sistema de
informação comum ao Gabinete de Administração de Bens do Instituto de Gestão
Financeira e dos Equipamentos da Justiça, Gabinete de Recuperação de Ativos da Polícia
Judiciária e Ministério Público; - Aumentar a oferta de serviços online relativos à propriedade industrial, garantindo a
robustez tecnológica dos sistemas de suporte; - Consolidar o Portal da Justiça — Plataforma Digital da Justiça enquanto ponto único de
contacto e acesso a informação e serviços online relevantes para os cidadãos, empresas e
profissionais da justiça; - Reforçar a disponibilização de novos indicadores de atividade e desempenho da justiça,
essenciais para a melhoria da perceção do seu funcionamento; - Reforçar a transparência na justiça, promovendo a publicação de dados, estatísticas oficiais
e publicações na Plataforma Digital da Justiça, assim como a implementação de mecanismos
de participação cidadã; - Promover a expansão da Rede dos Julgados de Paz em estreita articulação com os
municípios e alargar as suas competências; - Reforçar os sistemas de mediação públicos e o acesso à mediação, designadamente familiar
e laboral; - Desenvolver ferramentas tecnológicas de suporte a um novo modelo de gestão processual
nos julgados de paz e nos centros de arbitragem.
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