Competitividade do talento em Portugal ameaçada com fraca aposta na formação
Portugal desceu três lugares no ranking de talento mundial do IMD World Competitiveness Center. Uma das principais causas do pior resultado desde 2016 é a fraca aposta na formação e desenvolvimento.
Portugal desceu três lugares no ranking de talento mundial do IMD World Competitiveness Center, do 23º para o 26º lugar. É o pior resultado desde 2016. Entre as principais causas, está a fraca classificação no indicador de investimento de desenvolvimento, principalmente pela falta de investimento das empresas no desenvolvimento dos seus colaboradores.
O ranking avalia o desenvolvimento, a atração e a retenção de capital humano em 63 países, com base em três critérios: “investimento e desenvolvimento”, que avalia os recursos destinados a cultivar uma força de trabalho local; a “atratividade”, ou seja, a capacidade do país para atrair talento estrangeiro e reter o talento local, e a “preparação”, que avalia a qualidade de habilitações e competências disponíveis entre os talentos do país.
E é a Suíça, que lidera o ranking, seguida pela Dinamarca e Luxemburgo.
A queda de Portugal no ranking justifica-se, sobretudo, pela descida no indicador “investimento e desenvolvimento”, (a mais significativa), com a queda de nove posições do 13.º para o 22.º lugar, principalmente devido à baixa pontuação no indicador que diz respeito à formação dos colaboradores.
Já no critério “atratividade“, Portugal desce da 32.º para a 33.º posição, devido à baixa classificação nos critérios de “justiça”, “motivação dos colaboradores” e “saída de pessoas com boa formação e qualificação”, a designada “fuga de cérebros”.
“Se, por um lado, temos uma população ativa mais competente e preparada, por outro, temos empresas que não lhes estão a proporcionar as ferramentas necessárias para prosperar. E tudo isso tem um claro efeito na atração e retenção de talento no nosso país, pois se não criarmos mais oportunidades ao longo das várias etapas da vida profissional, nunca poderemos ser competitivos globalmente, nem preservar o nosso talento”, sublinha Ramon O’Callaghan, dean da Porto Business School, parceira exclusiva do IMD para Portugal na elaboração do ranking.
Se, por um lado, temos uma população ativa mais competente e preparada, por outro, temos empresas que não lhes estão a proporcionar as ferramentas necessárias para prosperar. E tudo isso tem um claro efeito na atração e retenção de talento no nosso país.
Por outro lado, Portugal subiu três posições no indicador “preparação”, motivada pela boa pontuação em “management education” e “competências linguísticas”, o que demonstra que a população ativa portuguesa tem cada vez mais as competências necessárias para corresponder adequadamente às necessidades e exigências atuais das empresas. Portugal destaca-se ganha pontos pela forte representação da força de trabalho do sexo feminino (49,3%), relativamente à força laboral total.
Portugal registou o melhor resultado em 2018, quando conseguiu o 17.º lugar e desde então os resultados têm vindo a piorar.
Educação e mobilidade, os trunfos da Europa
Oito dos países que lideram o top 10 do ranking são europeus, resultado da “excelente educação” e “boa mobilidade”, refere o relatório. A Suíça surge em primeiro lugar pelo quarto ano consecutivo, seguindo-se a Dinamarca, que se destaca pelo seu bom desempenho geral. A novidade surge no terceiro lugar, onde Luxemburgo substitui o lugar ocupado pela Suécia em 2019. De acordo o relatório, a subida para o pódio deve-se ao progresso consistente do país ao longo dos últimos cinco anos, em particular no investimento e desenvolvimento de talento.
Suíça distingue-se pelo sistema de educação, a elevada qualificação dos estudantes à entrada na universidade e aos salários atrativos para talento estrangeiro.
No entanto, as mudanças políticas, como é o caso do Brexit no Reino Unido, e a crise trazida pela pandemia, estão a ter impacto na competitividade de talento. O Reino Unido desceu até ao 23.º lugar, ficando atrás de países como a Alemanha (11.º), Bélgica (16.º) ou Irlanda (18.º). A crise está ainda a ter efeitos em países que se apoiam fortemente no talento estrangeiro, como é o caso de países como Singapura, Austrália e EUA.
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