Bancos portugueses lideram queda do malparado na Europa. DBRS alerta para perigo das moratórias
A DBRS analisou contas de 38 bancos europeus e concluiu que banca nacional teve a maior descida do rácio de malparado este ano. Alerta, ainda assim, que moratórias estão a travar o incumprimento.
Numa análise às contas de quase 40 bancos na Europa, a DBRS Morningstar concluiu que a banca portuguesa registou a maior descida do rácio de malparado este ano. A agência de rating alerta, ainda assim, que o nível de crédito em incumprimento nos bancos nacionais é dos mais elevados no Velho Continente. Por outro lado, com o fim das moratórias no crédito, mais empréstimos vão entrar em “default”.
Segundo a DBRS Morningstar, o nível de NPL (non performing loans) caiu 11% em Portugal nos primeiros nove meses do ano, sendo o país com a maior descida entre os pares europeus.
Se tivermos em conta a variação registada no terceiro trimestre, os bancos nacionais voltam a distinguir-se pela positiva: o malparado desceu 6%, também a maior quebra na Europa.
Ainda assim, a agência relativiza este desempenho: “Notamos que embora a redução de NPL tenha sido mais pronunciada na nossa amostra de bancos em Portugal e, em menor extensão, Itália e Espanha, estes países continuam a deter elevados níveis de NPL e estão entre os que apresentam os maiores níveis de NPL entre os bancos europeus”.
Há ainda outro alerta, mas este estende-se a todo o setor: os níveis de malparado estão “artificialmente” baixos e deverão começar a subir assim que as moratórias no crédito chegarem ao fim. Em Portugal, as moratórias deverão terminar a 30 de setembro de 2021. Os bancos nacionais já defenderam medidas para reforçar as empresas. O Presidente da República, porém, abriu a porta a uma prorrogação da medida.
“É expectável que uma deterioração da qualidade dos ativos dos bancos europeus seja mais visível no quarto trimestre assim que terminarem os prazos das moratórias. Também esperamos que os incumprimentos de empresas acelerem à medida que os países europeus continuem a sofrer as consequências económicas da crise pandémica”, explicam os analistas da DBRS Morningstar.
A agência também analisa a evolução do custo do risco, que tem em conta o dinheiro que os bancos colocaram de lado para enfrentar a crise. A conclusão vai no mesmo sentido: os bancos vão ter de reforçar as provisões e as imparidades no futuro face ao agravamento das condições económicas com a segunda vaga.
Também neste capítulo, a banca portuguesa — a amostra incluiu dois bancos: a Caixa Geral de Depósitos e o BCP — foi mais prudente do que a maioria dos pares europeus na medida que em que viu o custo do risco subir mais do que nos outros países.
Os cinco principais bancos nacionais colocaram de lado mais de 800 milhões de euros para fazer face à crise provocada pela Covid-19, de acordo com as contas do último trimestre.
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