A sócia da Uría Menéndez-Proença de Carvalho, Rita Xavier de Brito, contou à Advocatus como está a ser fazer carreira na firma desde os tempos de estagiária.
Rita Xavier de Brito, sócia da Uría Menéndez – Proença de Carvalho desde 2019, integrou a firma em setembro de 2007 como estagiária. A advogada centra a sua prática nas áreas de direito imobiliário, urbanismo e M&A.
Ao longo da sua carreira tem assessorado transações imobiliárias de compra e venda e de desenvolvimento de ativos imobiliários relacionados, bem como operações de financiamento à aquisição, refinanciamento e reestruturação de empresas do setor imobiliário e turístico. Rita Xavier de Brito conta também com experiência em projetos de energias renováveis.
A sócia da UMPC tem vindo a ser reconhecida pelos principais diretórios jurídicos internacionais, tais como o Chambers & Partners, o Legal 500 e o Best Lawyers in Portugal.
Que idade tinha quando chegou à Uría? Em que ano?
Foi em 2007, e o meu primeiro dia no escritório de Lisboa coincidiu com o dia em que fiz 23. Antes disso passei uma semana em Madrid onde participei no curso de formação que o escritório organiza para os novos estagiários. Ainda hoje guardo com carinho a fotografia de grupo dos jovens estagiários que integraram o escritório naquele ano e que os meus colegas, muitos deles hoje em dia amigos, me ofereceram naquele dia.
Como conseguiu o estágio no escritório?
Na altura não planeava seguir a carreira de advocacia e tinha aliás apresentado a minha candidatura para estudar no Colégio da Europa, em Bruges. Enquanto aguardava que me convocassem do Ministério dos Negócios Estrangeiros para a primeira fase do processo de seleção, fui chamada para uma entrevista no escritório. Poucos dias depois recebi o convite para o estágio.
Foi a primeira decisão difícil que tomei de âmbito profissional. Decidi aceitar, com a certeza de que, mais tarde, sempre poderia voltar a candidatar-me se constatasse que a advocacia não era o meu caminho.
É sem dúvida uma das grandes valias do escritório, que aposta fortemente na formação dos seus advogados.
E qual a primeira impressão do escritório?
As pessoas que integravam o escritório (tanto advogados como pessoal de apoio) eram muito acolhedoras. Creio que o que mais estranhei foi o estilo de linguagem. Siglas e acrónimos como “fyi” ou “asap” faziam parte do léxico normal usado no escritório mas, para mim, mais pareciam um idioma de Marte! “Primeiro estranha-se, depois entranha-se”.
Sentiu receio, natural de uma jovem licenciada?
Pelo contrário, fiquei maravilhada. Primeiro, com as instalações do escritório, depois, com o calor, o ritmo e a energia que sentia em cada uma das pessoas que se cruzava comigo.
Mas lembro-me de que fiquei apreensiva quando fui informada de que a minha primeira rotação seria no Departamento de Imobiliário. Parece evidente, mas eu não sabia o que me esperava, não existe uma cadeira como tal na faculdade. Rapidamente descobri os seus encantos, por ser uma área de prática que abrange um vasto leque de áreas do Direito, desde o direito civil e comercial ao direito público/urbanismo, dos registos e do notariado.
Como acabou por ‘ir parar’ à área em que se especializou?
Julgo que foi um encontro de vontades. No escritório, o estágio é formado pela rotação em quatro áreas de prática diferentes, com a duração de seis meses cada. É sem dúvida uma das grandes valias do escritório, que aposta fortemente na formação dos seus advogados.
A área de imobiliário foi a que mais me entusiasmou, essencialmente pelo motivo que apontei acima. Sendo uma área de especialização, permite um tipo de trabalho muito diversificado e nada rotineiro, no qual contactamos diariamente com várias áreas do Direito e lidamos com as mais diversas entidades, desde os clientes internacionais mais sofisticados às entidades públicas como câmaras municipais e conservatórias.
Até hoje não tive a intenção de mudar o rumo da minha vida, e não vejo em Portugal melhor escritório onde se possa crescer e aprender todos os dias a ser melhor advogado.
Nunca foi sondada para mudar de escritório? Se sim, o que a fez ficar na Uría?
É compreensível que em certas fases da carreira existam aproximações da concorrência. Isso faz-nos recordar que não estamos isolados e sempre traduz um reconhecimento do nosso trabalho, o que é gratificante. Mas tudo deve ser ponderado com critério. Até hoje não tive a intenção de mudar o rumo da minha vida, e não vejo em Portugal melhor escritório onde se possa crescer e aprender todos os dias a ser melhor advogado.
O que acha que a Uría tem de melhor ou quais as suas mais valias face a outros escritórios?
É um escritório voltado para as pessoas. E isso leva a tudo o resto. Nas suas mais diversas vertentes, é um escritório que se preocupa com o seu pessoal e os seus advogados, com os seus clientes, com os mais vulneráveis da sociedade, que apoia através da Fundação Professor Uría.
A meu ver, é o propósito de cumprir este objetivo que faz com que a firma tenha no seu ADN um nível de exigência muito elevado, mas também que as pessoas que a integram estejam estimuladas e tenham interesse recíproco em contribuir para o mesmo. Não se trata de chavões, é a sua cultura – com a qual me identifico inteiramente – que está muito enraizada e que permite dar a todos as mesmas oportunidades, sem exceção, da mesma forma que exige de todos o mesmo, com a devida sensibilidade para tratar cada um individualmente, em função das circunstâncias concretas. O resultado? Uma firma com uma solidariedade interna única, onde todos remam no mesmo sentido e onde o alto nível de qualidade é transversal a todos os departamentos.
Naturalmente, o facto de ser uma firma ibérica com presença internacional é uma porta de acesso que ajuda a buscar e a manter os mais altos standards de qualidade.
E a nomeação para sócia, aconteceu naturalmente? Desde quando é sócia da UM-PC?
Não considero que a passagem a sócio seja um acontecimento necessariamente natural. Há muitos fatores que computam e os astros têm de estar alinhados. Como em tudo na vida, o sucesso requer uma dose de esforço, mas também de sorte (em estar no lugar certo à hora certa) e de talento, que a meu ver mais se traduz nas características pessoais a que vulgarmente chamamos soft skills. Foi esse alinhamento que terá acontecido comigo em 2019, quando me tornei sócia desta casa.
Momento mais difícil que passou na Uría?
A perda da minha Mãe quando eu tinha 28 anos, sem dúvida. E quatro anos depois, a do meu amigo Manel. Foram tempos muito duros, que jamais esqueço.
É uma resposta da esfera pessoal mas, se pensarmos que passamos cerca de 70% do nosso tempo acordado no escritório, por mais saudável que seja discernir a vida pessoa da profissional, somos sempre um só e não é possível estancar por completo uma da outra. Tal como, quando estamos doentes, trabalhar se torna mais difícil, a mesma interação existe e deve ser compreendida quando alguém passa por momentos emocionalmente difíceis, inevitavelmente desestabilizadores. O apoio e a solidariedade que encontrei no seio do escritório foi inexcedível.
O facto de ser uma firma ibérica com presença internacional é uma porta de acesso que ajuda a buscar e a manter os mais altos standards de qualidade.
Momento mais gratificante?
Tive e tenho vários. Uma solução jurídica engendrada que permite uma operação complexa chegar a bom porto, cada cliente satisfeito, a equipa a festejar um sucesso, são tudo momentos gratificantes.
Se tivesse de eleger um, creio que indicaria o momento da nomeação a sócia, por ser único e marcar, não o virar de uma página, mas a abertura de um novo capítulo da vida profissional. Traduziu um voto de confiança que muito me honra, sobretudo por vir daqueles que mais admiro profissionalmente, os meus sócios.
Se voltasse atrás no tempo, mudaria alguma coisa no seu percurso profissional?
Como recordava há pouco, se tivesse optado por recusar o convite para estagiar no escritório e avançado com a candidatura ao Colégio da Europa, provavelmente não estaria aqui hoje. Só tenho a agradecer por ter tido o discernimento de ter tomado aquela decisão, naquele momento.
Claro que estamos sempre a aprender, e seguramente terei cometido alguns erros no percurso e mais irei cometer (poucos e pouco relevantes, espero!), mas isso faz parte da própria evolução de quem se desafia a si próprio e é auto-exigente. Não mudaria nada do que fiz e do que não fiz.
Tem algum mentor ou mentora/role model no escritório? Ou fora do escritório?
Gosto de ouvir várias pessoas da minha confiança, consoante o assunto ou a decisão que estejam em causa. Mas destaco o Duarte Garin, que tem sido um professor ao longo destes anos. Caminhar a seu lado há mais de dez anos é uma aprendizagem constante que fica e a quem não chegam palavras para agradecer. Num outro sentido, os meus pais, pelas lições que me transmitiram, em especial a minha Mãe, por ser uma referência que já não me pode dar resposta imediata e me obriga por isso à reflexão quando me questiono “o que faria se estivesse no meu lugar”. É algo que me ajuda a nunca perder o norte nem esquecer os princípios que formam o meu carácter.
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Como é fazer carreira na UMPC? “É um escritório voltado para as pessoas”, diz Rita Xavier de Brito
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