APEL vê “com bons olhos” retoma da venda de livros. Pede venda ao postigo nas livrarias
Renovação do estado de emergência pode trazer consigo o regresso da venda de livros. O presidente da associação do setor fala de uma "abertura parcial" importante para "centenas de pontos de venda".
Marcelo Rebelo de Sousa propôs uma nova renovação do estado de emergência que vigora atualmente, estendendo-o até 1 de março. No entanto, o decreto presidencial propõe algumas mudanças relativamente ao último, nomeadamente no que toca ao setor livreiro, as quais a Associação Portuguesa de Editores e Livreiros (APEL) veem “com bons olhos”.
A proposta apresentada pelo Presidente da República, no que toca a este setor, é bastante clara: os livros poderão voltar a ser vendidos nos estabelecimentos que, por lei, têm permissão para estarem abertos, como é o caso dos hipermercados e das papelarias. Ao ECO, o presidente da APEL, João Alvim, ressalva como esta eventual “abertura parcial vem permitir manter um mínimo de atividade” e “um mínimo de vendas” importantes para “centenas de pontos de venda”, como é o caso de “hipermercados”, “papelarias” e de lojas como a “Fnac” e o “El Corte Inglés”.
Esta medida, que será ainda desenhada pelo Governo, surgirá num momento importante para o setor. Isto porque é precisamente nos dois primeiros meses do ano que se faz o “encerramento das contas do ano anterior”, bem como “um apuramento das vendas e a devolução dos livros” da parte dos pontos de venda. O prolongamento de uma proibição total da venda de livros poderia resultar numa “devolução massiva de stocks“, por exemplo, da parte das papelarias, pois esses “espaços não querem ter mercadoria parada e, portanto, devolvem” a mesma às editoras.
Assim, um problema de dimensões ainda maiores acaba por ser evitado, na ótica do presidente da APEL, com as medidas restritivas aplicadas ao setor a estarem na “iminência de causar um desastre na área editorial” que poderia resultar numa “redução do número de editoras”, numa “paragem das gráficas” e em “despedimentos”. Ao mesmo tempo, os consumidores voltam assim a ter acesso ao livro, artigo de natureza “essencial” e cujo “acesso e abastecimento do público” deve ser, por essa mesma razão, uma “obrigação do Estado”, refere João Alvim.
APEL defende venda ao postigo nas livrarias
Ainda que esta abertura parcial seja já uma “boa notícia”, na ótica da APEL é ainda preciso fazer-se mais para que o mercado livreiro possa retomar alguma da normalidade. Como tem já sido reivindicação frequente da associação, João Alvim destaca como deveria ponderar-se uma “reabertura das livrarias” ou, pelo menos, encontrar-se “regras de funcionamento que permitam o acesso do público” a esses espaços de venda.
A venda de livros ao postigo por parte das livrarias é uma das principais soluções apontadas pela APEL de forma a providenciar-se uma retoma da atividade nestes pontos de venda, visto que a “venda ao postigo de uma livraria não é comparável à da restauração“, no que diz respeito ao perigo de contágio associado, considera o presidente da associação.
Estas configuram-se como medidas necessárias “para não ferir alguns canais comerciais, como é o caso das livrarias”, que têm sido particularmente afetados pelas medidas que têm vigorado no atual confinamento, adianta João Alvim.
Apoios do Governo têm sido insuficientes
Neste que é um momento particularmente difícil para o mercado livreiro, a APEL considera que a intervenção do Governo para ajudar as empresas tem sido “muito pouco significativo”, com João Alvim a justificar essa realidade com a falta de uma “perspetiva mais alargada” e de uma “estratégia” para o setor do livro.
“Os apoios que o Ministério da Cultura tem vindo a dar ao longo da pandemia devem ser revistos e reforçados, porque há uma necessidade de grande apoio para a área livreira e para a área editorial, a qual não tem sido verdadeiramente bem tratada pelo Ministério da Cultura”, remata o presidente da APEL.
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