Trabalhadores da Groundforce do Porto pedem referendo interno sobre nacionalização
Representante dos trabalhadores do Porto apelou para uma “decisão política” que acautele empregos. Subcomissão vai pedir à comissão de trabalhadores nacional para ser parte das negociações.
Os trabalhadores da Groundforce do Porto, que tencionam manifestar-se no início de maio, querem estar representados nas negociações e a realização de um referendo interno sobre a nacionalização da empresa, disseram esta terça-feira à Lusa. O protesto, ainda sem data nem local marcados, deverá acontecer no próximo mês e “conforme o andamento da situação à altura”, afirmou José Teixeira, representante da subcomissão dos trabalhadores do Porto, no final de um plenário no aeroporto do Porto.
“Estamos todos [trabalhadores] num clima de muita dúvida em termos de futuro da empresa e estamos muito inquietos com a atual indecisão e o que vamos sabendo é pelas notícias que vão surgindo. Aliás, as últimas referem que não estão garantidos os salários de maio”, afirmou. Dizendo estarem numa “dúvida constante”, José Teixeira quer que sejam acautelados os postos de trabalho e os direitos, não só do próximo mês de maio, mas futuros, assim como garantido o serviço público.
Por esse motivo, o representante dos trabalhadores do Porto apelou para uma “decisão política” que acautele estes mesmos empregos. Nesta sequência, a subcomissão de trabalhadores do Porto vai pedir à comissão de trabalhadores nacional para ser parte integrante das negociações da empresa, referiu.
A este pedido junta um outro, nomeadamente a realização de um referendo a todos os trabalhadores da Groundforce sobre a sua nacionalização, frisou. José Teixeira explicou que o objetivo será referendar a defesa da nacionalização como sendo a única solução para proteger os postos de trabalho. “Nós não temos formação técnica para o fazer [referendo], por isso, decidimos requerer à comissão nacional que o faça, seja diretamente, seja um órgão da empresa que o faça por exigência desta”, sublinhou.
Neste momento, os trabalhadores da Groundforce têm subsídios de férias, anuidades e progressões que não foram pagas, contou. No plenário de trabalhadores, que decorreu esta manhã, ficou ainda decidido reunirem-se com a entidade regional de turismo, a área metropolitana, a associação empresarial e a comissão de coordenação de desenvolvimento regional, revelou.
A Groundforce encontra-se em situação financeira difícil, na sequência da quebra de operação nos aeroportos, face às medidas adotadas para conter a pandemia de covid-19. A empresa de handling (assistência em aeroportos) chegou a ter os salários dos seus 2.400 trabalhadores em atraso, o que motivou a organização de várias manifestações em diferentes pontos do país onde a empresa opera.
Em 19 de março, depois de diversas negociações, a Groundforce e a TAP chegaram a um acordo, em que a companhia aérea adquiriu por cerca de sete milhões de euros equipamentos da empresa de handling, que passa a pagar à TAP pelo aluguer deste material. Este acordo permitiu desbloquear provisoriamente o impasse na empresa e pagar os salários em atraso aos 2.400 trabalhadores, bem como fazer face às despesas mais prementes.
O presidente do Conselho de Administração da Groundforce, Alfredo Casimiro, ouvido em março no parlamento, disse que esta solução era um “balão de oxigénio” de dois meses, mas, se não fossem disponibilizados mais fundos, a empresa iria “definitivamente para a falência”. Entretanto, o Banco Português de Fomento (BPF) não aprovou o empréstimo de 30 milhões de euros pedido pelo Conselho de Administração da Groundforce, por não haver um plano de reestruturação da empresa e por falta de “disponibilidade financeira robusta dos acionistas”.
A Groundforce é detida em 50,1% pela Pasogal e em 49,9% pelo grupo TAP, que, em 2020, passou a ser detido em 72,5% pelo Estado português e que é acionista minoritário e principal cliente da empresa que presta assistência nos aeroportos de Lisboa, Porto, Faro, Funchal e Porto Santo.
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