Economia portuguesa ainda 9% abaixo de 2019. Lituânia já recuperou
No arranque de 2021, a economia portuguesa enfrentou um novo choque com o segundo confinamento, ficando 9% abaixo do nível pré-pandemia. Na Lituânia o PIB já recuperou da Covid-19.
Ao passo que a China já recuperou e os Estados Unidos estão prestes a retomar a atividade pré-pandemia, a economia da União Europeia continuava no primeiro trimestre cerca de 5% abaixo do nível de 2019, sendo expectável que a retoma europeia só se complete no próximo ano. Os dados do Eurostat divulgados esta sexta-feira mostram, porém, que existem grandes divergências entre os Estados-membros: em Portugal, a atividade continua 9% abaixo do nível de 2019 por causa do segundo confinamento enquanto na Lituânia o PIB já recuperou totalmente do choque.
De acordo com os dados do Instituto Nacional de Estatística (INE) divulgados esta sexta-feira, a economia portuguesa encolheu 3,3% no primeiro trimestre de 2021, em comparação com o quarto trimestre de 2020. Assim, o PIB trimestral em volume fixou-se nos 46.641,1 milhões de euros, o que fica 9,2% abaixo do valor registado no quarto trimestre de 2019 (51.342,6 milhões), antes da pandemia. Se se anualizar esta comparação, fazendo a média dos últimos quatro trimestres, a diferença é ligeiramente inferior (-8,9%).
Para recuperar totalmente da pandemia, o que o Governo espera que aconteça durante o próximo ano, a economia portuguesa terá de recuperar cerca de cinco mil milhões de euros, em cada trimestre, da sua produção líquida ou, por outras palavras, do seu valor acrescentado. Para lá chegar, o Executivo conta com um crescimento anual de 4% este ano, caso não haja mais confinamentos e o processo de vacinação decorra como previsto, e uma expansão de 4,9% no próximo ano.
PIB da Lituânia já recuperou do choque da Covid-19
Este desempenho coloca Portugal entre os países com mais caminho por fazer até recuperar da pandemia, lado a lado com Espanha. A economia espanhola não sofreu tanto no primeiro trimestre, tendo caído apenas 0,5%, mas tinha sido mais afetada durante 2020, registando a maior queda anual (-10,6%) da União Europeia. Um pouco melhor está a Itália onde o PIB está cerca de 7% abaixo do nível de 2019.
A meio da tabela estão as duas maiores economias europeias: a Alemanha e França. Por causa do impacto do primeiro trimestre, a economia alemã, que caiu 1,7% em cadeia, está pior do que a economia francesa, ficando cerca de 5,5% abaixo do nível do PIB de 2019. No caso de França, o crescimento de 0,4% no arranque de 2021 permitiu-lhe recuperar terreno, ficando a cerca de 4,5% do nível pré-pandemia.
Do outro lado estão as economias do Norte da Europa onde o impacto económico da pandemia foi menor e a retoma está a correr melhor do que no Sul da Europa, em linha com o que era esperado pelas previsões de várias instituições — ainda recentemente o banco holandês ING alertou que Portugal corre o maior risco de ter a retoma mais lenta. No caso da Irlanda, o PIB nem sequer chegou a cair em 2020, mas tal deve-se a questões contabilísticas, tal como o ECO já explicou.
Excluindo este caso, há o exemplo da Lituânia em que o PIB concluiu a recuperação da pandemia no primeiro trimestre deste ano ao crescer 1,8% em cadeia e 1% em termos homólogos. No final de março, a economia letã já estava 0,7% acima do nível com que terminou 2019, de acordo com os cálculos do ECO com base nos dados do Eurostat.
Outras economias como a da Suécia e a da Finlândia também cresceram no primeiro trimestre: 1,1% e 0,3% em cadeia, respetivamente. Em termos homólogos, a queda destes dois países nórdicos foi de apenas 0,2% e 0,8%, respetivamente. O PIB sueco e o finlandês situava-se no final de março cerca de 1,5% abaixo do nível de 2019 pelo que está prestes a recuperar do embate da pandemia.
De realçar que ainda só 12 países apresentaram a variação do PIB relativa ao primeiro trimestre, faltando a informação dos restantes 15 países, o que poderá mudar as conclusões apresentadas neste artigo.
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