9 em cada 10 profissionais consideram que Covid pode aumentar comportamentos antiéticos na sua empresa
Avaliação da conduta pessoal, whistleblowing, gestão e due diligence da integridade de terceiros e integridade dos dados devem estar na lista de prioridades das empresas, segundo a consultora EY.
Estamos a atravessar um momento que é crucial para a integridade e conduta ética das organizações. Esta é a principal conclusão que saiu do Relatório de Integridade 2021, elaborado pela EY. Os desafios, tendo em conta a atual crise pandémica, são, contudo, vários, bem como as preocupações.
Baseado num inquérito feito a mais de uma centena de colaboradores portugueses de diferentes posições hierárquicas, durante o mês de março, o relatório da consultora analisa os comportamentos de integridade corporativa no mercado português. A nível global, a grande maioria dos inquiridos (90%) consideram que os efeitos da Covid-19 poderão aumentar os riscos de comportamentos antiéticos na sua organização. “Apesar de ser pequena a percentagem de colaboradores que assume a disponibilidade para agir de forma antiética, para ganho pessoal, a pandemia agrava o risco de comportamentos irregulares”, destaca a EY.
Por outro lado, observa-se uma disparidade quanto às perceções de ética comportamental nos diferentes níveis hierárquicos das organizações. Quase 20% dos colaboradores juniores admite não estar inteiramente confiante de que a gestão da organização obedeça às leis relevantes, códigos de conduta e regulações do setor. Já cerca de 80% dos membros de conselhos de administração confiam no cumprimento das regras de integridade nas suas organizações.
“Na EY, acreditamos que a integridade corporativa significa fazer o que nos propomos, com um elevado grau de compromisso. Trata-se de fazer o que está certo, porque é o correto a fazer e não apenas porque um código de conduta o descreve. A integridade gera confiança, orienta as organizações a gerirem bem os dados e protege contra a tentação de procurar ganhos de curto prazo em detrimento do comportamento ético”, lê-se no relatório. A generalidade dos inquiridos considera que deve agir com integridade na vida interna da sua organização e na relação com terceiros, adotando medidas que minimizem o risco e cumprindo as disposições legais e regulatórias em vigor.
"A integridade gera confiança, orienta as organizações a gerirem bem os dados e protege contra a tentação de procurar ganhos de curto prazo em detrimento do comportamento ético.”
Pedro Subtil, Forensic & Integrity Services Leader da EY Portugal, Angola e Moçambique, considera que “atualmente, organizações de todos os setores passam por desafios críticos para a sustentabilidade dos seus negócios e para a sua integridade”. “A Covid-19 veio acentuar esses desafios. Acresce que a curto prazo, em Portugal, as organizações terão de alinhar-se com novos requisitos legais, que decorrerão da recém-aprovada Estratégia Nacional de Anticorrupção e da transposição da Diretiva Europeia de Whistleblowing”, afirma.
O relatório sobre integridade realizado pela consultora destaca também quatro ações-chave críticas, a que as organizações devem dar prioridade nas suas agendas de integridade. São elas a avaliação da conduta pessoal através de mecanismos de compliance, canais de whistleblowing (utilizados para reportar irregularidades de forma anónima), gestão e due diligence da integridade de terceiros e, finalmente, a integridade de dados.
“Pressionadas para sobreviver, as organizações podem ceder à tentação de secundarizar as regras de conduta e ética. Identificados os riscos, a adoção/reforço de Programas de Compliance ABAC (Anti-Bribery and Anti-Corruption) é essencial para preservar a integridade corporativa”, salienta Pedro Subtil.
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