Casimiro pede 30 milhões pela Groundforce, mas 10 milhões são para a banca

Swissport é neste momento o principal parceiro de negociações. Se a banca avançar para leilão da posição de 50,1% do capital da empresa de handling, montante poderá ser inferior a 10 milhões de euros.

Alfredo Casimiro está a tentar vender a sua parte na Groundforce por 25 a 30 milhões de euros, sendo que a Swissport está na frente das negociações, segundo apurou o ECO. O acionista não deverá, no entanto, ficar com o montante pago já que (além de pagamentos em atraso a fornecedores), há penhoras junto da banca na ordem dos 10 milhões de euros.

Desde que começaram as dificuldades financeiras da empresa (causadas pelo impacto da pandemia no setor da aviação), surgiram logo manifestações de interesse na Groundforce. Meses depois de negociar opções de liquidez com a TAP (principal cliente e acionista minoritário com 49,9% do capital), Casimiro (dono de 50,1% através da Pasogal) confirmou a 8 de maio estar disponível para vender a participação que detém.

O empresário contratou o Nomura para assessorar um eventual negócio. Após o fim de um período de negociações exclusivas com os espanhóis da Atitlan, há atualmente negociações a decorrer com a Swissport, tendo o CEO para Espanha Juan Pablo Urruticoechea viajado até Lisboa na semana passada para realizar as diligências necessárias para avançar com o negócio. Além desta empresa, mantêm-se outros interessados como os belgas da Aviapartner e o fundo norte-americano WFS.

A intenção do empresário será conseguir cerca de 30 milhões de euros pela participação maioritária, apurou o ECO junto de duas fontes próximas das negociações. O valor fica próximo do pago pela TAP, há mais de uma década, aos espanhóis da Globália para ficar com a mesma participação. Já a aquisição por parte de Casimiro, em 2012, foi feita por partes, com elementos a serem pago mais tarde e outros condicionados ao desempenho operacional.

No entanto, fica muito abaixo do pretendido pelo empresário antes da pandemia já que, no final de 2019, as ações chegaram a ser alvo de propostas próximas dos 150 milhões de euros. Mas o impacto da Covid-19 na empresa de handling e a incerteza face à retoma do setor causaram uma forte desvalorização. No último ano e meio, a Groundforce perdeu mais de 1.000 funcionários, vendeu todos os equipamentos à TAP (num contrato que viria a ser unilateralmente abandonado) e acumulou resultados negativos. O prejuízo da empresa em 2020 foi de 20 milhões de euros, estimando-se para 2021 mais 15 milhões.

O valor não é, por isso, consensual entre as partes. Ainda que Casimiro venda a participação por 30 milhões de euros, não ficará com todo o dinheiro. Dependendo do que ficar acordado com o comprador, parte do montante poderá ser usado para abater dívidas vencidas, enquanto outra parcela poderá ser usada para pagar à banca. As ações estão sob três penhoras diferentes (dois no Montepio e um no Novo Banco) que totalizam 10 milhões de euros e, após ter entrado em incumprimento, foi alvo de uma execução extrajudicial.

A banca poderá, aliás, ser uma via alternativa para a venda da empresa, que ainda poderá entrar num processo de insolvência caso a justiça valide o pedido da TAP. No seguimento da execução, o Montepio contratou o Bison Bank para organizar um leilão das ações, estando à espera do resultado da avaliação da Deloitte. O banco estará disponível para assumir perdas no negócio e há já — pelo menos — um interessado em comprar desta forma: o ex-CEO Paulo Neto Leite, que avançou ao ECO, estar “pronto a avançar” com o apoio de um fundo.

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