Voltar aos níveis de contratação pré-pandemia? Empregadores portugueses estão menos otimistas
Mais de 20% dos empregadores nacionais dizem que não vão retomar aos níveis de contratação pré-Covid. E 40% admite mesmo não saber se vai recuperar totalmente, revelam os dados da ManpowerGroup.
Ainda que os empregadores nacionais admitam que o terceiro trimestre de 2021 seja mais positivo no que toca a contratações, com 10% a afirmar que prevê aumentar o número de colaboradores, uma análise global mostra que estão menos otimistas perante uma recuperação da atividade de contratação para os níveis registados antes da pandemia: mais de 20% admite mesmo ser difícil voltar aos níveis de recrutamento pré-Covid, segundo um estudo do ManpowerGroup a que a Pessoas teve acesso.
“Apesar das projeções para a criação líquida de emprego terem sido positivas em relação ao terceiro trimestre, como revelou o mais recente ManpowerGroup Employment Outlook Survey, é certo que os empregadores portugueses estão menos otimistas em relação à retoma dos níveis de contratação pré-pandemia”, começa por dizer à Pessoas Rui Teixeira, diretor-geral de operações do ManpowerGroup.
Este cenário menos otimistas é explicado, em grande parte, pelo impacto da última vaga da pandemia e das medidas de confinamento. “Apesar das medidas de apoio, vivemos cerca de dois meses e meio de disrupção da atividade de muitas empresas, com o consequente impacto na sua rentabilidade e tesouraria, já muito fragilizadas pelo contexto pandémico”, refere Rui Teixeira.
Mais de 20% dos empregadores nacionais acreditam mesmo que não vão conseguir retomar os níveis de contratação pré-Covid, valor que, quando comparado com o do trimestre anterior, aumenta em sete pontos percentuais, dão conta os dados do ManpowerGroup Employment Outlook Survey, que inquiriu 276 empresas portuguesas para traçar as previsões de contratação para o terceiro trimestre de 2021.
Além disso, cresceu também, em dez pontos percentuais, o número de empresas incertas sobre o futuro, com 40% a afirmarem ainda não saberem quando vão recuperar totalmente.
O cenário é transversal a praticamente todos os setores, mas existem algumas exceções. No entanto, a indústria, finanças e serviços, e restauração e hotelaria sãos os mais otimistas, com mais de 35% dos empregadores a declarar recuperar, ainda este ano, os níveis de contratação que se registavam antes da pandemia.
Já ao nível da dimensão de empresas, as micro e pequenas empresas são as mais pessimistas. “O efeito do fim das moratórias no mês de setembro e o seu impacto na evolução das falências também é um dado relevante a considerar nesta análise. Segundo dados recentes do Banco de Portugal, é previsível que 6% das empresas tenham capitais próprios negativos em finais de 2021, e, consequentemente, um risco maior de falência, sendo que esse risco será mais acentuado nas empresas dos setores mais afetados pela crise, como é o caso da restauração e hotelaria ou retalho, bem como das micro e pequenas empresas”, explica o diretor-geral de operações do ManpowerGroup.
O Plano de Recuperação e Resiliência, por sua vez, poderá impactar positivamente na atividade e capacidade de retoma das empresas portuguesas. Mas, para Rui Teixeira, os resultados surgirão a partir do próximo ano: “Os efeitos dessas medidas na atividade das empresas e na consequente criação de emprego serão seguramente mais evidentes a partir de 2022, pelo que, para este ano, a nota dominante não pode deixar de ser o pessimismo e a incerteza”.
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