A RSN Advogados comemora 20 anos de existência e a Advocatus esteve à conversa com o sócio fundador José António da Silva Nogueira.
“Bastantes intensos”. É assim que José António da Silva Nogueira, sócio fundador da RSN Advogados, descreve os primeiros 20 anos do escritório. A sociedade de advogados situa-se na cidade do Porto e conta com uma equipa composta por 20 advogados, uma solicitadora e quatro funcionários.
À Advocatus, o sócio revela que os pilares da RSN sempre foram as pessoas. “A nossa missão é cumprir a justiça, em prol de um Estado de Direito, em plena liberdade ética, mas sempre conscientes que o fazemos ao serviço de alguém, o nosso cliente”, refere.
“Nunca o exercício da advocacia poderá ser o da mera satisfação do ego ou da exclusiva prossecução de interesses materiais pessoais, pois todo o poder deve nascer de um dever. E o mandato, esse enorme poder que nos é concedido, só se justifica ao serviço daquele que nos confiam os seus interesses”, acrescentou.
Para José António da Silva Nogueira, no centro da atividade do escritório está sempre o cliente, uma vez que são a razão da existência da firma. “Ora o pilar que permite prosseguir esta missão são as pessoas, é a equipa da RSN. Somos uma profissão de seres humanos, para seres humanos! Assim, na base está a nossa equipa, os advogados, funcionários, assistentes, informáticos, etc., que a compõem. São eles quem corporiza esta missão”, sublinha.
20 anos depois, o sócio garante que os objetivos que tinham no início mantêm-se, ainda para mais com a crise pandémica que atingiu o mundo recentemente.
“Desde que fundámos a RSN, tínhamos em mente criar um projeto que mantivesse uma dimensão pequena, que permitisse a personalização e um grande humanismo no tratamento dos problemas que nos são confiados. Hoje, e sempre, a boa aplicação do direito necessita dum completo conhecimento dos factos. Há que conhecer a situação concreta de cada cliente, avaliando as suas especificidades”, explicou.
"Os profissionais de saúde estiveram na primeira linha, foram a nossa infantaria. A advocacia foi a “logística” que permitiu que toda a “máquina” pudesse continuar a funcionar.”
Segundo José António da Silva Nogueira é muito importante criar laços de empatia entre o advogado e o cliente, uma vez que a defesa não “está lá para julgar” tendo que “saber ouvir e encontrar soluções que vão ao encontro dos interesses ou necessidades do cliente”.
“O que daqui resulta é que, ao advogado de hoje em dia se exige, para além do conhecimento técnico do direito, um grande humanismo. Uma enorme capacidade de gestão e comunicação. Ora estas preocupações sempre estiveram, desde a nossa génese, na cultura RSN”, acrescenta.
“Não devemos ter medo da tecnologia”
Com os “olhos postos no futuro”, como referem no site, a RSN Advogados tem apostado desde início nos meios tecnológicos. Ainda assim, o sócio confessou que, pese embora o avanço dos últimos 20 anos, há aspetos do dia-a-dia que já deviam ter sido mais facilitados.
“Qual é o advogado que não desespera com as quantidades de “cliques” e funções repetitivas que ainda tem que executar? Um bom software deve assegurar o máximo destas funções não criativas e “inteligentes”, para que nós possamos dedicar ao que nos distinguirá sempre: pensar e ter ideias”, explicou.
À Advocatus, revelou que o “combate” pessoal com a equipa de informática e de desenvolvimento de software é uma constante, mas confessa que é “muito gratificante”.
Sobre a inteligência artificial e a influência no setor, José António da Silva Nogueira considerou que o nome está mal aplicado, uma vez que inteligentes são os humanos. “Acho o nome demasiado pomposo. Assistimos, isso sim, a um desenvolvimento verdadeiramente extraordinário de novos softwares e ao aparecimento de novas capacidades de computação, que já permitem que máquinas nos libertem do que é rotineiro e “industrializável”. E, note-se, isto não é um pequeno avanço, bem pelo contrário”, sublinha.
O sócio considera ainda que a realidade atual relança novamente para o centro do debate o ser humano e a sua realidade enquanto pessoa e ser pensante. “A minha sensibilidade é que não devemos ter medo da tecnologia, mas também não podemos ter pudor de compreender que esta tem de estar sempre ao serviço do ser humano, o que na área do direito, significa respeitar a necessidade dos nossos clientes, a continua luta para contribuirmos para uma sociedade mais justa. E os advogados, enquanto agentes de justiça, são essenciais nesse papel. Não haverá máquina capaz de os substituir”, acrescenta.
"Nunca o exercício da advocacia poderá ser o da mera satisfação do ego ou da exclusiva prossecução de interesses materiais pessoais, pois todo o poder deve nascer de um dever.”
Sobre as estratégias de marketing, entende que são uma realidade que não ignoram e que é uma área que os preocupa em melhorar. “O setor da justiça, e não só da advocacia, vai ter que se desenvolver, e muito! Isto não representa só ter mais uns computadores nas mesas. É muito mais do que isso. Trata-se de como abordamos os problemas que surgem, quais as soluções que propomos, sem perder o sentido último para o qual existimos”, garante.
Pandemia levou a um crescimento da RSN
O ano de 2020 foi atípico para todos os setores, incluindo o da advocacia devido à pandemia, e na RSN a Covid-19 causou algum impacto. Segundo o sócio, todos os clientes, em simultâneo, passaram a ter imensos problemas para a firma resolver e “toneladas de legislação precipitadamente publicada” para interpretar e aplicar. “Foram dias sucessivos de 16 horas de trabalho”, assegura.
Ainda assim, a resposta da equipa superou as expectativas de José António da Silva Nogueira, possibilitando um crescimento da RSN quer a nível de mercado, de clientes ou até de faturação. “É o caso típico em que podemos dizer que aquilo que não nos matou (e todos estamos com saúde) tornou-nos mais fortes”, nota.
“Ora a pandemia demonstrou, se dúvidas existiam, a importante função que a advocacia desempenha na sociedade. Os profissionais de saúde estiveram na primeira linha, foram a nossa infantaria. A advocacia foi a “logística” que permitiu que toda a “máquina” pudesse continuar a funcionar”, sublinhou o sócio.
Crescimento é a palavra do futuro
À Advocatus, José António da Silva Nogueira explicou que as novas solicitações colocam uma pressão no modelo e dimensão da firma, lançando um desafio de crescimento.
“Só que a atual fase, ao contrário de outras no passado, está a ser de tal forma abrupta, que o crescimento orgânico ou uma fusão, são dúvidas para as quais, atualmente, ainda sinto não ter a resposta correta. Definitivamente, a RSN encontra-se num estado de espírito muito próximo ao da sua fundação: tudo é possível, as possibilidades são ilimitadas”, nota. Mas de uma coisa o sócio tem a certeza, os valores da RSN terão sempre de se manter.
"O que daqui resulta é que, ao advogado de hoje em dia se exige, para além do conhecimento técnico do direito, um grande humanismo.”
Apesar de não pensar no futuro, José António da Silva Nogueira espera que nos próximos 20 anos continuem a ser a sociedade que “faz parte da sua família, viveremos juntos as alegrias e enfrentaremos juntos todos os momentos de maior stress e risco”. “Continuaremos a ser, certamente, uma sociedade de valores humanistas, de seres humanos, para clientes humanos e concretos”, conclui.
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RSN Advogados: “Somos uma profissão de seres humanos, para seres humanos”
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