Há uma nova geração de brinquedos. Legos e Barbies já são de plástico reciclado
Duas das maiores marcas de brinquedos a nível mundial estão assim apostadas em lançar no mercado produtos mais sustentáveis e menos poluentes.
Peças de Lego feitas de garrafas de plástico recicladas? Bonecas Barbie fabricadas com plástico recuperado dos oceanos? Sim, já é possível. Duas das maiores marcas de brinquedos a nível mundial estão assim fortemente apostadas em lançar no mercado produtos mais sustentáveis e menos poluentes.
A Lego acaba de anunciar um protótipo do seu famoso “tijolo” feito com plástico reciclado obtido de garrafas PET e nos próximos três anos vai investir mais de 300 milhões de euros para acelerar as medidas de sustentabilidade da marca: até 2025 quer eliminar o plástico de todas as embalagens e até 2030 a meta é que todas as peças Lego sejam feitas de materiais amigos do ambiente. Neste momento, 2% da produção é já a partir de bioplástico conseguido a partir da cana-de-açúcar.
Por seu lado, a Mattel acaba de lançar a nova coleção “Barbie Loves the Ocean”: ao todo são três bonecas fabricadas em parte (cabeças, sapatos e alguns acessórios excluídos) com plástico reciclado obtido a partir de resíduos resgatados dos oceanos. O objetivo da marca passa por ter todos os seus produtos e embalagens feitos com materiais plásticos 100% reciclados, recicláveis ou bioplásticos até 2030. Já no final de 2021, garante a Mattel, as embalagens será feitas com 95% de papel e cartão reciclado.
“O nosso legado de 62 anos de Barbie está repleto de evolução. A coleção Barbie Loves the Ocean é mais um exemplo das inovações sustentáveis que fazem parte da criação de um futuro onde as crianças possam prosperar ”, disse Lisa McKnight, Senior Vice President e Global Head da marca Barbie & Dolls, da Mattel.
Outras iniciativas da empresa incluem o recém-lançado programa de devolução “Mattel PlayBack”, projetado para recuperar os materiais de brinquedos antigos da Mattel e reutilizar em produtos futuros. Em 2020 a marca lançou novas opções sustentáveis das gamas Fisher-Price, para bebés, MEGA Bloks, e o primeiro baralho de cartas UNO feito 100% de papel e totalmente reciclável.
90 anos depois, Lego reinventa o seu famoso “tijolo”
Depois de, em 2018, a fabricante dinamarquesa de brinquedos ter começado a produzir alguns elementos do universo Lego em biopolietileno, feito a partir de cana-de-açúcar de origem sustentável, o Grupo fundado há 89 anos pela família Kirk Kristiansen, em 1932, anunciou agora um protótipo do famoso “tijolo” Lego feito de plástico reciclado.
A matéria-prima dos Legos de nova geração são garrafas de plástico PET usadas e recicladas. Diz a empresa que “este é o primeiro protótipo feito de material reciclado a atender aos requisitos de qualidade e segurança” da marca. O objetivo agora é conseguir que todos os produtos Lego sejam também feitos a partir de materiais sustentáveis até 2030. Para isso, mais de 150 pessoas — de cientistas a engenheiros — integram a equipa que está a trabalhar para encontrar soluções mais amigas do ambiente e que nos últimos três anos testaram mais de 250 variações de materiais PET e centenas de outras formulações de plástico.
Veja aqui o vídeo de como se constrói uma peça de lego com PET reciclado
“Estamos muito entusiasmados com esta descoberta. O maior desafio na nossa jornada de sustentabilidade é repensar e inovar com novos materiais que sejam tão duradouros, fortes e de alta qualidade quanto as peças Lego feitas nos últimos 60 anos. Com este protótipo, podemos mostrar o progresso que estamos a fazer”, revelou, em comunicado, Tim Brooks, vice-presidente de Responsabilidade Ambiental do Lego Group.
No entanto, avisa, ainda vai demorar algum tempo até que as peças de material reciclado cheguem aos consumidores finais. Para já, o protótipo vai continuar a ser testado para a equipa avaliar se deve passar para a fase de produção. Esta próxima fase de testes deverá durar, pelo menos, um ano.
“Sabemos que as crianças se preocupam com o meio ambiente e querem que tornemos os nossos produtos mais sustentáveis. Mesmo que demore um pouco até que possam brincar com tijolos feitos de plástico reciclado, queremos que as crianças saibam que estamos a trabalhar nisso. Experimentar e fracassar é uma parte importante da aprendizagem e da inovação. Assim como as crianças constroem, desmontam e reconstroem com as peças de Lego em casa, estamos a fazer o mesmo no nosso laboratório”, acrescentou o responsável do grupo.
Com base numa patente que ainda está por registar, este protótipo consegue combinar o PET reciclado com aditivos de reforço. O plástico reciclado vem de fornecedores dos Estados Unidos, que usam processos aprovados pela US Food & Drug Administration (FDA) e European Food Safety Authority (EFSA) para garantir a qualidade. Em média, uma garrafa de plástico de um litro fornece matéria-prima suficiente para dez peças de Lego 2×4.
Mais de 300 milhões de euros investidos na caminhada sustentável de uma marca com 89 anos
Apesar do novo protótipo de “tijolo” LEGO reciclado ser o mais recente desenvolvimento da marca para tornar os seus produtos mais sustentáveis, a verdade é que a caminhada da empresa rumo a medidas mais amigas do ambiente não se iniciou aqui.
Em 2018, o grupo começou a produzir elementos LEGO de biopolietileno (bio-PE), feitos a partir de cana-de-açúcar de origem sustentável. Este tipo de material é usado para peças menores e mais suaves, como árvores, galhos, folhas e acessórios para minifiguras. No entanto, para elementos mais duros e fortes, como os “tijolos” Lego este bioplástico já não é adequado e é por essa razão que estão a apostar em fazê-los com PET reciclado, explica a marca em comunicado.
Já em 2020, a empresa anunciou que vai começar a remover o plástico descartável das suas caixas. Ao todo, o grupo LEGO conta investir até 300 milhões de euros até 2022 para acelerar as suas ambições de sustentabilidade.
“Estamos empenhados em cumprir a nossa parte na construção de um futuro sustentável. Queremos que os nossos produtos tenham um impacto positivo no planeta, não apenas com as brincadeiras que promovem, mas também com os materiais que usamos. Ainda temos um longo caminho a percorrer na nossa jornada, mas estamos satisfeitos com o progresso que temos vindo a fazer”, concluiu, no mesmo comunicado, o vice-presidente de Responsabilidade Ambiental do LEGO.
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