Covid tira quase um terço das receitas dos “Ubers” na primeira metade do ano

A contribuição sobre o setor de TVDE afundou mais de 30% no primeiro semestre, período que continuou a ser marcado pela pandemia. Receitas deslizaram na mesma medida, encolhendo 10 milhões.

As receitas do setor TVDE caíram 30,7% no primeiro semestre de 2021, em comparação com a primeira metade de 2020. Entre janeiro e junho deste ano, as plataformas como Uber, Bolt e Free Now geraram cerca de 21 milhões de euros com as viagens dos passageiros, uma perda de quase 10 milhões de euros em receitas.

Se a comparação for entre o segundo semestre de 2020 e o semestre homólogo de 2019, antes da pandemia, a queda das receitas ultrapassa os 44%, para 13,42 milhões de euros. É o que mostram os cálculos do ECO a partir de um conjunto de dados cedido pela Autoridade da Mobilidade e dos Transportes (AMT).

Receitas brutas das plataformas TVDE:

Fonte: Cálculos do ECO, extrapolados a partir de dados da AMT

O valor total das receitas do setor, e do decréscimo provocado pela crise da Covid-19, é obtido a partir dos dados oficiais das contribuições de regulação e supervisão, pagas pelas plataformas de TVDE (Uber, Bolt e Free Now) à AMT. Por cada viagem, estas plataformas entregam ao Estado 5% do valor total da comissão que cobram em cada viagem. O valor final das receitas não é líquido de impostos.

Ainda assim, os números põem a descoberto o rombo causado pelos confinamentos nas receitas com viagens no transporte privado. De um momento para o outro, empresas como a Uber viram parte significativa da procura a desaparecer. Com efeito, esta, assim como a concorrente Bolt, tem apostado cada vez mais no negócio das entregas de refeições.

Os dados da AMT não permitem discriminar as receitas por plataforma, ao contrário do que aconteceu em 2019, quando o ECO foi capaz de inferir as receitas de todas as plataformas de TVDE a partir de informação enviada pela AMT ao Parlamento, a pedido do PCP. Ainda assim, mostram quanto gastaram os portugueses com as aplicações de transporte desde 2019, ano em que entrou em vigor a contribuição sobe o setor.

No primeiro semestre de 2019, a AMT arrecadou com a contribuição 781,3 mil euros, valor que passou para 1,2 milhões de euros no segundo semestre. Na primeira metade de 2020, já com o efeito da pandemia, o valor acabou por subir, para 1,5 milhões, mas desceu abaixo da fasquia do milhão no segundo semestre de 2020, para 670,9 mil euros.

Feitas as contas, em 2020, a AMT arrecadou apenas 2,2 milhões de euros com a contribuição, muito abaixo dos 3,5 milhões de euros que o regulador chegou a estimar vir a ser o produto desta taxa, valor que acabou por nunca ser atingido. Este ano, a contribuição já gerou 1,05 milhões de euros, contando só com os primeiros seis meses de 2021.

Produto da contribuição sobre TVDE:

Fonte: AMT

Recuando nos dados da AMT, é ainda possível ver que a contribuição total referente a 2019 terá sido revista em baixa. Noutra altura, a AMT indicou ter conseguido 2,3 milhões em 2019 com a medida, mas, nos novos dados enviados ao ECO, a entidade fala apenas em 1,98 milhões, menos 320 mil euros, aproximadamente.

(Notícia atualizada a 11 de agosto, 16h10, para clarificar que a contribuição de 5% incide sobre a comissão que as plataformas cobram nas viagens e não sobre o valor total da viagem que é pago pelo cliente)

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