Efacec recupera atividade, mas dívida aumenta
Resultados operacionais marginalmente positivos no primeiro semestre. Processo de privatização passou para a terceira fase e deverá estar concluído até ao final de novembro.
A Efacec conseguiu melhorar os seus indicadores de atividade nos primeiros seis meses do ano. As encomendas e a faturação cresceram, respetivamente, 16% e 30% em termos homólogos, mas a dívida continuou a agravar-se em tempos de pandemia e com o processo de reprivatização a arrastar-se há mais de um ano. O Governo abriu na semana passada uma terceira fase de negociação com os dois candidatos, a DST e a Sodecia.
A robustez das contas da Efacec tem sido tópico de discussão porque há dois candidatos — DST e Sing-Investimentos Globais (grupo Sodecia) — com propostas em cima da mesa para comprar a posição de 71,73% que o Estado tem na empresa, na sequência da nacionalização devido ao envolvimento do nome de Isabel dos Santos no caso “Luanda Leaks”. Propostas essas que variam entre um euro e um milhão, mas que o Executivo quer ver melhoradas, numa tentativa de “maximizar a concorrência” e “obter a proposta que melhor assegure o interesse público”. Mas o objetivo é tentar fechar a negociação até final de novembro, tal como o ECO já avançou.
A Efacec conseguiu 148,5 milhões de euros em encomendas no primeiro semestre do ano, um aumento homólogo de 16%, mas aquém dos 250 milhões conseguidos nos seis meses anteriores, de acordo com as contas a que o ECO teve acesso. Por outro lado, a empresa faturou 148,3 milhões de euros, um aumento homólogo de 30%, mas uma quebra de 42% face ao semestre anterior.
Já o endividamento mantém a rota ascendente. A dívida líquida atingiu em junho os 162,8 milhões de euros, um aumento de 66% face aos seis primeiros meses de 2020. E a dívida bruta ultrapassa os 180 milhões.
Em termos de operacionais os dados também são mais positivos fruto de uma redução dos provimentos e imparidades. Os lucros antes de Juros, Impostos, Depreciação e Amortização (EBITDA) passaram de 20 milhões negativos no primeiro semestre de 2020 para um milhão positivo um ano depois. A explicação está na rubrica das provisões e imparidades que passou de 9,6 milhões negativos, nos primeiros seis meses de 2020, para se agravar para os 23,2 milhões negativos, no semestre seguinte, tendo agora passado para terreno positivo em 3,9 milhões de euros. A Efacec é uma empresa que tem vários processos a decorrer em tribunal que obrigam a pôr de lado quantias avultadas para fazer face a eventuais contingências que se venham a verificar.
As contas da Efacec evoluiram favoravelmente, mas os candidatos à reprivatização têm outras contas, decorrentes das due diligence realizadas, que apontam para um EBITDA negativo ajustado de 60 milhões em 2020 e da ordem dos 30 milhões este ano. Por isso, DST e Sing-Investimentos Globais apresentaram propostas de compra da posição acionista do Estado com valores marginais e ambas consideram que será necessário um plano de investimento de dezenas de milhões de euros para recuperar a Efacec. Detalhes que estarão a ser ultimados na terceira ronda de negociações.
Os candidatos nacionais exigem ainda garantias públicas ou outros instrumentos financeiros que se poderão transformar em mais investimento público na empresa, depois de a garantia a um empréstimo de 70 milhões de euros que já foi totalmente consumida. Ao que o ECO apurou, o Governo já admite que poderá ser necessário “partir” a Efacec entre as áreas da mobilidade e industrial, para limitar os riscos para o Estado na operação.
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