FMI pede “calibragem cuidadosa” dos estímulos à economia
FMI diz que governos e bancos centrais enfrentam um dilema "desafiante": têm de manter apoios à economia mas também precisam de evitar que o prolongamento dos estímulos criem problemas a médio prazo.
Para o Fundo Monetário Internacional (FMI), os governos e os bancos centrais enfrentam um dilema no mínimo “desafiante” neste momento. Ao mesmo tempo que devem manter os apoios à recuperação das economias após o impacto da pandemia, também devem assegurar que não estão a criar riscos para a estabilidade financeira a médio prazo, nomeadamente a contribuir para bolhas nos mercados ou para o descontrolo dos preços. “É a hora de uma calibração cuidadosa das políticas” de estímulos, defende Tobias Adrian, responsável do FMI.
O contexto atual é este: o verão refreou as expectativas quanto à retoma da economia, perante o ressurgimento do vírus em muitos pontos do globo, à boleia de novas variantes mais perigosas, e muitas das vulnerabilidades nos setores mais afetados pela pandemia continuam na sombra das medidas de apoio.
Contudo, surgem já sinais de aviso nos mercados acionistas (e também nas criptomoedas), com avaliações exuberantes, e numa altura em que a subida da inflação parece estar a tornar-se mais persistente do que se antecipava inicialmente.
Nessa medida, “as autoridades agora deparam-se com um trade-off desafiante”, assinala o Fundo no Relatório de Estabilidade Financeira Global divulgado esta terça-feira.
“Eles devem continuar a dar apoio de curto prazo para a economia global, mesmo quando devem simultaneamente tentar evitar a acumulação de riscos de estabilidade financeira de médio prazo”, sublinha a entidade liderada pela economista búlgara Kristalina Georgieva.
"As autoridades agora deparam-se com um trade-off desafiante: devem continuar a dar apoio de curto prazo para a economia global, mesmo quando devem simultaneamente tentar evitar a acumulação de riscos de estabilidade financeira de médio prazo.”
Bancos centrais devem ser claros
Tobias Adrian fala numa “abordagem segura” que as autoridades devem ter “na próxima fase da ação de política monetária e internacional”.
Isto significa que os estímulos lançados para segurar a economia durante a pandemia devem continuar no terreno, só que devem ser “mais direcionados e adaptados às circunstâncias específicas de cada país”, dado o ritmo variável da recuperação entre as diferentes economias, segundo o FMI.
Por outro lado, numa altura em que alguns bancos centrais já subiram juros ou começaram a apertar a política monetária devido às pressões inflacionistas, o Fundo pede um cuidado redobrado aos governadores nos passos que vão dar a seguir: “deverão dar orientações claras sobre a abordagem futura da política monetária, com o objetivo de evitar um aperto abrupto das condições financeiras”.
Se pressão dos preços for mais persistente do que o esperado (o que pode estar a cimentar com a subida dos preços da energia e commodities e falhas nas cadeias de fornecimento globais e escassez de mão de obra), as autoridades monetárias devem atuar de forma decisiva para prevenir um descontrolo das expectativas para a inflação, defende a instituição.
Zona Euro e EUA são algumas das regiões onde os bancos centrais têm estado no centro da discussão e preparam uma redução do nível de apoio à economia.
Para o bloco da moeda única, o FMI espera que a economia cresça 5,4% este ano e 4,1% em 2022, enquanto reviu as perspetivas de crescimento do PIB mundial para 5,9% este ano, mantendo-se a previsão de expansão de 4,9% no próximo ano.
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